quarta-feira, 30 de abril de 2014

Uma Tarde na Biblioteca


Gosto de entrar e de estar horas a fio nesse lugar onde flutuo, viajo, navego e às vezes me perco. De repente me sinto como uma criança num parque de diversões sem saber escolher em que brinquedo brincar primeiro. São tantas as opções, de Machado de Assis a Camões, de Manuel Bandeira a Drummond... Como é bom estar aqui e me divertir com todos esses autores! É como se eles estivessem aqui pessoalmente me olhando bem de frente e falando comigo através de milhões de letras, figuras e canções.
De repente me deparo com Ziraldo, o maluquinho de Caratinga, que oscila entre cartunista, poeta e escritor, mas, sobretudo, é um grande gozador. Encontro autores antigos e também mais jovens, alguns da minha idade. Raquel de Queiroz, Ligia Fagundes Teles, Cora Coralina, Guimarães Rosa, Marcos Rey, Eça de Queiroz, Cecilia Meireles, e o múltiplo Fernando Pessoa. Olhando numa prateleira me deparo com o poeta gaúcho Mário Quintana. Ah, eles são tantos que eu nem dou conta de cumprimentar a todos.

Não sei o que fazer primeiro diante de tantas celebridades de nossa literatura. Gostaria de poder abraçar a todos e lhes dizer da minha alegria e da satisfação de tê-los aqui. Vinicius de Moraes continua transpirando romantismo em suas poesias e sonetos lindos e apaixonantes. De repente, eis que surge Patativa do Assaré! Não me contive, pois há muito tempo eu queria conhecê-lo. Seus versos, quadras e trovas são de uma beleza incomensurável. Sua história de vida e sua trajetória literária encantam a todo leitor ávido pela cultura nordestina. Quanto prazer em conhecê-lo!

No meio de tantas figuras ilustres me senti como um menino numa sorveteria sorvendo poesia nos seus mais diversos sabores. Autores que eu não conhecia fizeram questão de se apresentar e me cumprimentar. Senti-me um deles, fiz algumas perguntas, mas, principalmente, fiquei ouvindo e aprendendo. Fui ao século passado e me senti feliz. Conheci Dom Casmurro de Machado de Assis, mas não perguntei nada a ele sobre os olhos de Capitu. Não queria me parecer um xereta e preferi, como soe a pessoas sensatas e educadas, ser mais discreto. Consegui segurar a minha curiosidade. 

Depois de tanto divagar, passear e participar de tantas histórias e sonhos chegou a hora de me despedir de todos e me ausentar daquele recinto mágico e encantador. Mas eu queria dar uma última olhada em tudo antes de acenar e finalmente sair daquele mundo. Mais do que isto, eu queria levar alguém comigo para continuarmos aquela conversa tão proveitosa que não poderia ser tão bruscamente interrompida. Foi quando convidei um velho poeta para sairmos e conversarmos mais detidamente. Ele aceitou e fomos caminhando como bons e velhos amigos. Desde então está comigo essa lenda da poesia nordestina e, sobretudo, brasileira, que é Patativa do Assaré. Foi muito gratificante e altamente proveitoso passar uma tarde na biblioteca.

 Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Apresentação de Eliana Teixeira da Silva sobre Patativa do Assaré

A Acadêmica e escritora Eliana Teixeira da Silva realizou belíssima apresentação sobre o poeta Patativa do Assaré na última reunião da AGL, ocorrida em 26/04/2014. Na oportunidade, a Acadêmica fez sua homenagem ao poeta nordestino que é patrono da cadeira que ela ocupa na Academia Guaçuana de Letras. Falou um pouco da vida e obra deste expoente da nossa literatura. Declamou algumas de suas poesias e instigou os outros membros a participar da apresentação. Eis algumas fotos do evento:

A apresentação


Acadêmicos atentos


Até o nosso próximo evento. 
Abraço.    

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Aventuras de Um Ciclista Urbano


Andar de bicicleta na cidade por si só já é uma aventura. Em geral, as ruas são estreitas, movimentadas, esburacadas e frequentadas por pedestres e animais que de repente cismam de passar bem na nossa frente nos obrigando a fazer uma manobra muitas vezes radical para evitar um acidente. Andar de bicicleta na cidade é uma aventura gostosa, porém perigosa em que todo cuidado é pouco para se evitar algum acidente, considerando principalmente que o ciclista nem sempre está atento ao transito e aos seus múltiplos perigos.

Com os problemas atuais: ônibus circular caro e cada vez mais raro demorando às vezes até uma hora e meia para passar, e considerando que adquirir e manter um automóvel hoje está muito difícil, restou ao cidadão a alternativa de enfrentar o dia a dia montado na sua fiel bicicleta que tem um custo muito baixo e resolve o problema. Tudo poderia ser bom e até ótimo não fosse os perigos no transito que exigem do ciclista atenção redobrada e uma boa dose de sorte ao rodar por aí. São milhares de bicicletas rodando ao mesmo tempo conduzindo vidas e sonhos, descendo e subindo ruas e avenidas muitas vezes indo em direção ao trabalho, ao comércio, à igreja ou simplesmente rodando sem pressa e sem destino. Uma multidão utiliza este veículo que é de fácil manutenção, não polui, ocupa pouco espaço, é fácil para estacionar e pode até ser carregado em caso de pequeno acidente ou defeito. A bicicleta é uma “mão na roda” como já dizia o meu saudoso pai.

Houve um tempo em que era difícil comprar uma bicicleta. Elas eram mais caras e a gente raramente via uma e quando via ficava curioso, queria ver de perto, por a mão e dar uma voltinha. O dono tinha o maior cuidado e até ciúme do seu objeto tão valioso. A bicicleta é um veículo que se soubermos cuidar nunca acaba, pois sempre tem peças de reposição e podemos até adaptá-la ao nosso gosto pessoal. Com o tempo, ela passa a fazer parte de nossa vida como companheira, amiga e confidente, além de nos ajudar rodando por aí devagar e sempre. Ela é o sonho de toda criança, a alegria de todo adolescente e muitas vezes é o “ganha pão” de muitos adultos. Enfim, ela tem o seu lugar na vida e no coração de todos. É gostoso, divertido e saudável andar de bicicleta, mas nunca devemos nos esquecer dos cuidados necessários para que esta aventura gostosa não se transforme numa tragédia, ou num pesadelo. Boa sorte, amigo! De bicicleta, a gente se vê por aí. 

Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)
Mogi Guaçu, SP, 07 de maio de 2008.

terça-feira, 15 de abril de 2014

“Você vive para servir ou serve para viver”? O que é poder? (Feliz Páscoa)


Quando uma criança faz travessuras, nós aconselhamos, conversamos sobre o assunto, tentamos com amor endireitar essa pequenina árvore em crescimento para o bem dela mesma. Se não corrigirmos estará abandonando-a a um destino de sofrimento para ela, para a família e toda a sociedade. Mas e quando o adulto erra? Como devemos agir?
Deixar para lá e fingir que está tudo bem? Aconselhar com argumentos contrários?  Correr o risco de sofrer perseguições por tentar ajudar? Difícil.
Infelizmente o poder cega e ensurdece as pessoas, conseguem tornarem-se prejudiciais e ridículas, permitem que outras pessoas segurem as rédeas que conduzem para o inferno espiritual, são dirigidos pela vaidade, pela ambição por se julgarem acima do bem e do mal. Triste.
Há muitos dedos em riste dizendo “Sabe com quem está falando?” São milhares de vozes dizendo isto, é uma grande violência sem dúvida alguma, nós sabemos que elogio de boca própria é vitupério, então porque insistir nessa prática abominável? O escritor Fernando Pessoa deixou escrito e bem documentado para nós: “O homem é um cadáver adiado”. Pontual! 
Sugiro uma reflexão, a Páscoa vem aí, ela tem como símbolo da fertilidade o coelho, um coelhinho inocente que induz a todos comprarem seus ovos (saborosos e caríssimos), no entanto não podemos esquecer que a Páscoa é a renovação, é a Ressurreição de Cristo, é a passagem de Deus em nossas vidas para um recomeço de paz. Vida!
Desejo de coração que a Páscoa venha para aparar as arestas, que traga mudanças profundas, traga inteligência (moral e espiritual) para aquele ou aquela que porventura está no “poder”; e permito-me deixar duas perguntas, neste momento, para você que lê agora: “Você vive para servir ou serve para viver”? O que é poder?

Fátima Fílon (membro da Academia Guaçuana de Letras)

terça-feira, 8 de abril de 2014

Afonso J. Santos

Afonso José dos Santos , nasceu em 28 de agosto de 1946 em  Cubatão, litoral paulista. Mora em Mogi Guaçu desde 1959. Concluiu Curso Colegial mais Curso Profissionalizante de Instrumentação Industrial. Aposentado pela CHAMPION PAPEL e CELULOSE S/A. Diretor da Associação dos Aposentados Papeleiros de Mogi Guaçu.de 2010 a 2015. 
Teve publicado dois de seus poemas classificados em concursos realizados anualmente na Associação dos Aposentados de Jundiaí“Desperte o Poeta que Existe em Você.” Em Concurso  da Academia Divinopolitana de Letras obteve o primeiro Lugar na categoria de  Contos. Nos concursos da Biblioteca João XXIII na cidade de Mogi Guaçu obteve o Primeiro lugar .  Obteve menção especial em trovas com o tema “ Contador”  no concurso de Maranguape CE.  Obteve dezenas de trovas premiadas com troféus e medalhas no decorrer dos concursos internos da UBT / Moji Guaçu.
É casado com a senhora Hilda e tem quatro filhos.
Desde 2006 é membro da Casa do Escritor e da União Brasileira de Trovadores, Seção Mogi Guaçu.É Membro da Academia Guaçuana de Letras desde 2007.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Uma Família Muito Especial


O vento e a ventania formam um casal diferente que se caracteriza pela frescura e pelos suaves movimentos. O vento ás vezes vem mais forte, outras vezes mais fraco, quase imperceptível. A ventania sempre aparece forte e decidida a resolver os problemas e as questões de ordem familiar, profissional e pessoal. Mas ela também tem os seus momentos de suavidade, calma e até de romantismo.
Este casal constituiu uma família diferenciada, especial e que nunca fica parada. Sua característica mais marcante são os movimentos, a força e a forma como encara os fatos. Quando as coisas apertam tudo é resolvido rapidamente e aquilo que não serve voa pelos ares literalmente. É uma família grande e todos têm esta característica marcante. Muitas vezes eles são temidos, mas ninguém consegue evitar a presença e a ação do vento, da ventania e de sua família.
Esta família é grande e muito unida em seus propósitos e ideais. Seus filhos são obedientes e cumprem as ordens sem nunca questionar. Tem a brisa que é calma e romântica, o vendaval que é forte e sempre pronto, tem o furacão ou tufão que é ainda mais temido e perigoso, tem o redemoinho que é brincalhão e gosta de ficar girando e espalhando poeira por onde passa. O zéfiro, porém, é calmo, bem tranqüilo, e quando chega quase ninguém nota a sua presença. Tem os parentes que ás vezes vêm de longe e de repente movimentam perigosamente toda a cidade e a região. Vêm do norte, do sul, do oeste, do leste e até do mar. Quando se reúnem formam um movimento que ninguém consegue deter. Mas quando se separam e vão embora, a calma volta e tudo se normaliza. Mas depois as marcas da destruição ficam em todos os lugares.
Apesar do medo e da destruição, ninguém consegue viver sem esta família que faz parte da natureza e tem a sua importância indiscutível. Não adianta reclamar nem esbravejar; o vento e a sua família sempre chegam de repente com sua força, e imprimem a sua marca. Às vezes causam destruição, mas isto faz parte do seu caráter e de sua personalidade. Precisamos conviver harmoniosamente com esta família divertida e tão especial. Não adianta reclamar, temos que aceitar, entender e procurar conviver em paz com essa família diferente, que chega de repente e muitas vezes joga tudo pra cima literalmente, ás vezes causando muita destruição. Foi Deus quem a criou, e tudo que ele fez tem um propósito que muitas vezes só ele sabe, só ele entende.

Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)
Mogi Guaçu, SP, 28-02-2014.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

O Luar e o Desejo


fotografia de Aaron J. Groen - de Nova York, EUA

Que coisa linda é o luar!
Como consegue acelerar
os corações dos amantes
quando trocam juras confiantes
de que viverão felizes para sempre!
Nas noites de lua cheia,
Quando estou ao teu lado
a  vontade enfraquece,
o  coração se  incendeia
e o pecado acontece...
Quando é noite de luar
fico a  lembrar dos momentos,
quando á beira do mar
ficávamos ali, sem medo,
desvendando os segredos
Que a brisa  do mar
vinha trazer para nós.
Nas noites de lua cheia,
Quando estou ao teu lado
a vontade enfraquece...
O coração se  incendeia
e  o pecado acontece.

Afonso J. Santos (membro da Academia Guaçuana de Letras)