segunda-feira, 25 de julho de 2016

BODARRADA (SÁTIRA POÉTICA)

Poesia Brasileira do Século XIX

Luiz Gonzaga Pinto da Gama
(1830-1882)



                           
BODARRADA
                              

                              Se negro sou ou sou bode,
                              Pouco importa. O que isto pode?
                              Bodes ha de toda casta,
                              Pois que a espécie é mui vasta ...
                              Ha cinzentos, ha rajados,
                              Baios, pampas e malhados,
                              Bodes negros, BODES BRANCOS,
                              E sejamos todos francos,
                              Uns plebeus e outros nobres,
                              Bodes ricos bodes pobres,
                              Bodes sábios, importantes,
                              E também alguns tratantes ...
                              Aqui, nesta boa terra,
                              Marram todos, tudo berra.
                              . . . . . . . . . . . . .
                              Cesse, pois, a matinada,
                              Porque tudo é bodarrada!
LUIZ GAMA               

     Nasceu em Salvador, Bahia. Filho de uma escrava africana. Seu pai, português, o vendeu como escravo. Em casa dos seus senhores aprendeu a ler com um acadêmico de Direito. Fugiu para assentar praça no Exército.
     Foi escrevente de cartório, amanuense do gabinete particular do Conselheiro Furtado de Mendonça, de onde por motivos políticos foi expulso.
     Foi jornalista onde teve destacada atenção na Campanha Abolicionista.
     Como escravo foragido destacava-se na causa abraçada, manejando com maestria a sátira como exemplifica seu poema "A Bodarrada".
     Obras poéticas: Primeiras Trovas Burlescas, Poesias Satíricas. 

(brasilcult)

segunda-feira, 18 de julho de 2016

E O TEMPO LEVOU DIANA




E O TEMPO LEVOU DIANA¹

O conde Charles Spencer, antes de ler o discurso de despedida de sua irmã, a princesa Diana, diante dos presentes ao funeral na Abadia de Westminster, já tinha lido o texto a sós com o caixão na capela do Palácio de Saint James, onde escutou um suave sussurro de satisfação.

Diana morreu em um acidente de trânsito em 31 de agosto de 1997 em Paris, quando o carro onde estavam se chocou contra uma coluna do túnel subterrâneo da ponte Alma, ao fugirem ela e o namorado da perseguição de papparazzi.

No artigo, parte de uma série dedicada a discursos famosos realizados por britânicos, o conde explica que começou a pensar no texto quando retornava da Cidade do Cabo, onde estava quando ocorreu a tragédia.

No dia seguinte e até o funeral, tentou reescrever o texto, cujo início mudou de 20 a 30 vezes, deixando-o o mais conciso e que mais dissesse sobre os sentimentos de todos para com Lady Di.

Charles Spencer explica que ensaiou o discurso em voz alta e o leu a seus assessores várias vezes em sua residência de Althorp, para se adaptar ao texto e evitar que sua voz embargasse no dia do funeral, em 6 de setembro.

Depois, o conde leu o texto diante do caixão da princesa na capela do Palácio de Saint James, em Londres, e ao terminar escutou "um sussurro que parecia de satisfação, naquele lugar tão, tão triste".


O TEMPO



“O tempo é muito lento para aqueles que esperam.

Muito rápido para aqueles que temem.
Muito longo para aqueles que choram.

 Muito curto para aqueles que rejubilam.

Mas para aqueles que amam, 
o Tempo é eternidade." 



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¹Texto lido e adaptado de várias fontes, inclusive do jornal The Guardian

sexta-feira, 15 de julho de 2016

Em nome do Presidente da Academia Guaçuana de Letras comunico a todos os membros desta Egrégia Entidade que a exposição que estava marcada para os dias 15, 16 e 17 de julho foi cancelada e deverá ser realizada em agosto. Um bom fim de semana a todos.
Cícero Alvernaz.

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Dida em Profecias

Preste atenção minha gente!
Porque hoje vou contar
Uma história em cordel
E a promessa vou pagar.
Vou bem longe, vem comigo,
É tão lindo esse lugar.

Aviso que é distante,
Mas é Brasil, é Bahia,
Aproveite olhe a paisagem
Que descrevo em poesia,
Tem cultura, tem um “xero”,
Tem riqueza e alegria.

Em Nazaré das Farinhas
Na Feira de Caxixis,
A farinha de copioba
Faz o povo mais feliz,
E o engenho de farinha
É o maior deste país.

Chegamos a Nazaré
Terra de gente famosa,
Do Vampeta filho ilustre
E também de Rui Barbosa
Que abençoou esta terra,
Honrada e grandiosa.

“A Porta do Sudoeste”
Rui Barbosa batizou,
Caminhou em ruas largas,
Com sucesso anunciou,
-Há de vir uma menina!
Que esse cordel inspirou.

Chegou num dia de festa
Forte, alegre, destemida,
Nas faces a cor das rosas,
E o encanto da margarida,
Raidilza é o seu nome!
Para nós princesa Dida.

Ela há de ser feliz!
Diz a “mãinha” orgulhosa,
Terá tudo que precisa,
E crescerá bem formosa,
Igualzinha uma poesia...
Escrita por Rui Barbosa.

Foi assim que a profecia
Cumpriu-se nesse lugar.
Hoje a Dida está distante
Mora em outro patamar;
E Nazaré das Farinhas
Vai em sonho visitar.

Em São Paulo fez morada
Trabalha, produz, realiza,
Distribui livros e flores,
Dá conselhos e avisa
Que chegou para ajudar
Dar a mão a quem precisa.

É amiga dos amigos,
Tem um sonho nesta vida,
Reviver “Águia de Haia”
Em leitura adormecida.
O coração de São Paulo
Agradece a nobre Dida.

Fátima Fílon (Membro da Academia Guaçuana de Letras)

Postagem originalmente publicada no espaço Capital Mulher (link aqui).

domingo, 3 de julho de 2016



OLHAI...

Quem tiver olhos para ver veja, ouvidos - escute. 
Tens alma sinta. E se te aprouver elevar sentimentos, sem compromissos com o que está fora de ti, sinta, pois mais conveniente é que os demais sentidos.


“Olhai os lírios do campo,
olhai os pássaros do céu...”
Veja: o alvor dos lírios e o voar dos pássaros em liberdade
Fixa teu olhar nessa ternura,
não o deixe vagar ao léu.
Sua mirada percorra aspirando ao azul da última morada
Olhai os lírios do campo
e os pássaros do céu olhai..
Pelo encanto da beleza da vida por enquanto ela durar.
A vida é melodiosa, e feliz
tome posse não só na poesia,
Mas nas coisas mais simples de sua existência humana,
Não somos eternos, logo
abaixo do solo iremos morar.
Pensemos nos espetáculos da alvorada e do pôr do sol,
Para serem vistos todos os
dias do Criador essa cortesia. 
Olhai as tantas autorias de milagres brincando ao luar...
Vultos de pequenos animais, olhai
para quem o tempo inexiste.  
Vidas que juntos respiramos o mesmo bendito e puro ar
Diante das melodias, que os
 homens depreciam a alegria, 
De junto cantarem ao anoitecer juntos à simples lareira,
Amando quem os ama,
agradecidos a cada novo dia.
Dai-me ó Eterno, na vida estas riquezas de Tua Autoria,
Não só hoje, mas em todos
os dias e a cada sol nascer... Olhai.
Tuas bênçãos esquecidas são feixes de lenhos no inverno,
Que nos aquecem e não dizemos:
 obrigado a Quem nos serviu,
A cada um de seus filhos, que tomam sua parcela e se vão.
Olhai os lírios do campo
antes que sequem suas corolas, olhai.
Pousados sobre a lousa fria, em melancólico anoitecer.
Olhai os pássaros do céu em
revoada de luz resplandecente
Bendizem as inocentes criaturas que povoam o nosso viver... Olhai!