A arte nos fascina
À esquerda desenho de criança de 8 anos, à direita colorido pela mãe artista.
Desenho em sanguinea, para pintura a oleo de John W. Watherhouse
Bico de pena e aquarela sépia - monocromatismo - M. Martins Santos
Arte contemporânea - Dom Quixote e Sancho Pança
Arte acadêmica realista - Dama de Camelot - John William Watherhouse
Foto, tirada com vários disparos de abertura
Foto em P&B (sépia)
Impressionante escultura pela harmonia dos movimentos e expressão
Escultura, impressiona pela perfeição de traços, e ademais feita em abóbora.
de Y. Villafane. (Pinterest)
A ARTE NOS FASCINA
Mauro
Martins Santos
Da Academia
Guaçuana de Letras (AGL)
A arte pura é fascinante! Ela nos faz
flutuar ou mais: - como pássaros encantados a flanar por universos imaginários
- no sentido de que cada beleza, cada descoberta se apresenta cheia de
possibilidades infindas; é o extravasar do ser, a sensibilidade, o toque, a
busca, a sensação de que o ser humano é muito mais do que o próprio existir. Há
a criação explícita em potência, cessa o tempo; sem passado, presente, futuro...
Pura essência de um momento integral. Há na arte a licença de Deus para que o
artista congele sua obra no exato instante de sua criação.
Podemos vislumbrar uma luminosidade
por frestas de nuvens noturnas, apenas um pequeno fulgor; mas muito além dessa
tênue luz, existe uma gigantesca estrela. Um gerador infindável de energia.
É o gênio da criatividade e da
imaginação exercendo sua verdadeira razão de se estar vivo e
pensante no mundo.
Deveria nos bastar simplesmente
flutuar, propalar e deixar expressar a leveza do ser cotidianamente, mas há
algo mais além da argamassa das aparências, através das emanações puramente
mentais. Se assim não fosse seria sempre o exato, óbvio ou lógico. Não seria
arte, mas ciência.
Independente do tema, estilo ou
técnica tratados, notamos que na produção da arte, mais especificamente na
pintura, há uma preocupação com a beleza poética, embutida na representação
buscada além da realidade visível. Neste texto não falaremos ainda
especificamente das emoções buscadas por outros fatores impactantes como:
horror, revolta, espiritualidade, compaixão, fé, etc. Embora o escopo dentre
todos os temas sejam o mesmo. (Exemplo, os Cristos do pintor alemão Matthias
Grünewald), que causam pelas aparências meio putrefatas, um misto de horror, asco,
compaixão, remorso, piedade, fé... Aliás era justamente isto que o autor
buscou. E à contemplação de sua obra, a afirmação de reflete.
No geral o verdadeiro artista, aquele
que busca cooptar os visitantes, trabalha com a matéria das emoções da alma e a
espiritualidade. Harmonia e equilíbrio entre os elementos que compõem o quadro.
Resultado disto serão imagens ornamentais, cheias de pormenores e detalhes,
cores luminosas que dão sensibilidade estética às pinturas onde o romance -
mesmo um rudimentar e hesitante erotismo - unidos e disfarçados por uma certa
inocência, também por isso, na arte, têm lugar de destaque.
Os nus femininos eram sempre rodeados
de anjinhos, para “quebrar” o impacto da nudez explicita das personagens
figurativas.
Mas a gênese da arte empreende
atividades para causar impacto; o inusitado, e nisto em primeiro estágio é
esperada a reação de quem recebe a mensagem, e torna-se a paga do artista. Ao
depois a recepção e o resultado da leitura da obra dentro das nuances de cada
arte: e ao final a repercussão.
*
Disse Fernando Pessoa: “A literatura,
como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta”. E não basta porque
ao inquiridor da verdade contida na beleza da arte, é a parabólica busca do
Santo Graal.
Tão elaborada é a prosa poética da
lenda - como soa também a do próprio Rei Artur, que muitos - e a mente humana é
prodigiosa - creem piamente tanto na existência do Santo Graal como no ainda,
Artur da Távola Redonda e sua saga, e em Morgana, Avalon e suas brumas perenes...
Como toda história - mito ou lenda -
da antiguidade, buscavam-se reforçar com a disseminação em prosa, rima ou canto
dos menestréis, a valoração do caráter humano, suportada nas “regras
gentis” de cavalaria, seu desejo pela aventura e a afirmação da honra, e a
onipresença da Igreja a fazer sombra sobre os castelos e reis levando a defesa
da fé, exortando os personagens à busca do galardão da eterna e infinita
bondade.
Assim não poderia ser de outra forma.
A lenda e às vezes a total crença no mito arthuriano era um grito de liberdade,
mas também e sobretudo, de contínuas conquistas.
Provavelmente foram esses
os principais motivos para que um mito que reporta a ritos e
regras tão distantes no passado, possa ainda seduzir e permanecer
enraizado ainda com tanta força de crença e profundidade, enraizado nas mentes
de muitas pessoas sejam elas britânicas ou cidadãos do resto do
mundo.
Guinevere em inglês, e em galês Gwenhwyfar- era consorte
do rei Arthur e
personagem de uma lenda dentro de outra lenda, no ciclo lendário da Bretanha. Tão
bem descrita, tão lindamente elaborada nos detalhes: alta, magra,
olhos azuis, cabelos longos e ruivos como o sol poente; a ponto de querermos
fortemente que ela existisse a se prolatar nos séculos. E nos contentamos em
imaginá-la.
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Guinevere
figura na lenda de um romance com Sir Lancelot, cavaleiro da Távola Redonda,
dentro da saga arthuriana.
Valerá a sedução das personagens
femininas desta lenda aos homens; por outro lado também às mulheres - se versarmos para Sir
Lancelot, Galahad, Percival ou outro Cavaleiro da predileção feminina - ou o
próprio rei Artur de Camelot.
Desta saga fantástica, Guinevere a e
o Castelo de Camelot, sempre me seduziram - dos quais retirei muita inspiração
para desenhos e pinturas a óleo.
Aliás, não seria exatamente essa a
missão das palavras, tanto orais quanto em maior grau as escritas, juntadas às
imagens ilustrativas, que mesmo ficcionalmente sendo, nos farão parecer
realidade?
Que não se pense que ao adentrar
as brumas de Avalon e deixando de lado terreno menos distante no tempo e no
espaço, estaríamos nos distanciando do foco da temática das artes.
Ainda dentro do campo ficcional,
cheguemos mais para perto de hoje.
Falemos então de Conan Doyle e de seu
Sherlock Holmes. Mais que um simples personagem, Holmes se transformou em
protagonista, tão factível quanto a criatividade de Sir Conan Doyle pode
produzir. Era o criador do famoso detetive particular, um oftalmologista
frustrado (não tinha clientes, talvez pela sua especialidade) daí um fracassado
e ocioso em seu consultório.
Para preencher seu tempo vazio Doyle
resolveu criar Sherlock Holmes e fazer umas publicações em jornal londrino. Em
resumo: o autor conseguiu fazer a imaginação dos leitores mutacionar - e
transladar Holmes da ficção para o plano da realidade - como se verdadeiro
fosse, com todas as situações e ações de seus famosos casos. E Holmes “engoliu”
o autor. O mundo falava muito de Holmes e pouco de Doyle.
Foi, segundo os especialistas em
literatura geral, e os especializados em contos policiais, sobretudo os
Sherlockianos, um fato inusitado e incrivelmente inédito do personagem
antropofagiar o autor, eliminando-o e passando a existir de forma autônoma. Com
estilo de vida, domicílio, objetos pessoais, locais de frequência, violinista,
boxeador, esgrimista, fumante de cachimbo e químico por vocação.
Existe ainda a discussão sobre a
Universidade que frequentou na Inglaterra. Discutem em qual delas Holmes foi
aluno, dentre as grandes e mais antigas do Reino Unido - e reivindicando o
famoso detetive particular como aluno desta ou daquela. Há diversos clubes,
confrarias e associações voltadas para o estudo da “vida” e “modus operandi” do
celebre detetive, e que discutem essas filigranas da literatura sherlockiana.
Há visitação turística permanente ao
endereço de Holmes em Londres, Baker Street, no icônico endereço -221b; a
casa virou o museu “Sherlock Holmes”.
Numa típica casa vitoriana, o espaço
é pequeno, mas vale a pena conhecer! A decoração fiel dos cômodos é a
tradicional da época, e não somente se vê de perto, como supostamente viveu o
famoso detetive, mas também encontram-se alguns de seus contemporâneos, entre
eles seu arquiinimigo, Moriarty, em bonecos de cera impecáveis.
Seus objetos pessoais: o violino, o
cachimbo, a lupa, o famoso boné, os tubos de ensaio, álbuns de recortes de
jornais, chinelos que Holmes usava...
E assim nos deleitamos em ter o
personagem vivo em nossos pensamentos e sonhos. O que antes somente a força literária
das palavras, movia a imaginação, não é assim também que fazemos hoje ao sonharmos
como os hodiernos contatos visuais?
“Sem imaginação não há espanto” disse,
porém Conan Doyle pela boca de Sherlock Holmes. Contudo, o objetivo do criador
da arte é fazer com que as pessoas pensem, e pensando imaginem e imaginando
naveguem, voem, viajem a outros “mundos” no estofo da fantasia, no encanto,
tomando assento no próprio veículo criativo, que detém ante si.
Serve a arte também para outros
desígnios que a criação imaginativa possa fazer; protesto, denúncia,
reivindicação, revolta, incitação, vingança, ódio, discriminação, sensualidade,
erotismo, pornografia...
Da mesma forma que a arte é livre,
também os espectadores, plateia, visitantes, assistentes, ouvintes, são todos
também livres para assistirem, verem, frequentarem ou não os locais de
arte.
A arte nunca vem até nós, somos nós
que nos dirigimos a ela. A buscamos. Por isso há botões, controles, ingresso
aos recintos, ser preciso a compra de
material em áudio, visual ou impressos.
Como finalização é interessante
registrar um fato verídico, ocorrido com um dos maiores dicionaristas
brasileiros - senão o mais conhecido: Aurélio Buarque de Holanda e seu
dicionário “Aurélio” ou “Aurélião”, como o chamam popularmente. Foi o seguinte:
- Duas senhoras idosas, tanto quanto era Aurélio, escreveram-lhe uma carta (no
tempo a comunicação era, ou carta ou por telégrafo), dizendo-lhe: “Você não tem
vergonha Aurélio, um homem velho, escrevendo tantas obscenidades, palavras de
baixo calão e termos chulos, em seu dicionário!?”
- Aurélio responde às duas senhoras -
que por sinal eram suas amigas - desta única e sucinta forma: “O que vocês
estavam procurando??”
Como disse Goete em Fausto,
parodiando Hipócrates: “Ars longa, vita brevis” (latim, a frase original era em
grego) em ordem indireta mais poética: Longa é a Arte, breve é a vida.
"GAIVOTA" - Giz pastel - M.Martins Santos
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