terça-feira, 18 de dezembro de 2018

ENTÃO É NATAL


Simone cantou “Então é natal/ e o que você fez?”. Podemos filosofar a partir dessa música embora ela seja natalina.

Não precisamos esperar o natal para refletirmos em torno das coisas que estamos fazendo.
O que estamos fazendo?

Fazer é desenvolver algo a partir de uma ação.

Quais foram as nossas ações até aqui?

Para a filosofia, a ação é a maneira específica da atividade humana, resultado de sua condição de ser livre. A diferença entre o homem e os demais seres vivos consiste no fato de o homem ter nascido livre e não programado geneticamente como um animal o é. Isso é muito bom porque gozamos de liberdade e isso também é muito ruim porque somos eternamente responsáveis pelas nossas ações, sejam elas boas ou más.

O filósofo Immanuel Kant formulou a seguinte questão: o que devo fazer? O ser livre está perpetuamente condenado ao ter de agir. Fazer escolhas é algo natural na vida do homem livre. Escolher entre o bom e o ruim, entre o bem e o mau, entre o certo e o errado implica na construção da existência do homem livre, afinal, este é um ser autônomo e responsável pela suas construções.

Voltemos à música da Simone: “Então é natal/ e o que você fez?/ O ano termina/ e nasce outra vez”. Bom, se você não fez bem nesse ano, saiba que o ano nascerá outra vez, sendo assim, você terá outras oportunidades para fazer bem. Lembre-se: seres livres são seres em construção, portanto, construa o significado da sua existência.




Luís José Braga Júnior

terça-feira, 4 de dezembro de 2018

PLANEJAMENTO


No último dia de novembro, por volta da hora do almoço, Josias e Tarsila conversavam sobre o futuro. Haviam celebrado as bodas há pouco tempo. Um casal inexperiente, porém desejosos em planejar o futuro com responsabilidade. Planejaram viagens, cursos, momento a sós, falaram, inclusive, sobre filhos.

Fazer um planejamento é criar um plano para alcançar um determinado objetivo. O “ento” do “planejamento” revela que o plano está provido de alguma coisa. Provido de quê? Provido de criatividade. Note, caro leitor, que fazer um planejamento é criar um plano para alcançar um determinado objetivo. “criar” e “criatividade” têm a mesma origem. Só cria quem tem criatividade.
Josias e Tarsila foram criativos na elaboração do plano para o futuro. O porvindouro é como uma tela em branco. O artista idealiza a imagem, faz os desenhos e finaliza pintando a tela. Faz-se necessário deixar claro que nenhum quadro está terminado; o destino não é uma obra pronta e acabada, é sempre possível fazer alguns reajustes, retocar alguma coisa, acrescentar linhas e cores.

O casal criou a agenda do futuro com responsabilidade. A palavra “responsabilidade” tem a sua origem no latim (respondere) e significa “responder”. Responder é dizer alguma coisa em resposta. Se Josias e Tarsila quiserem ter êxito em seus planejamentos terão sempre de responder um para o outro. O diálogo será necessário. A comunicação terá de existir. A mensagem deverá ser clara e objetiva. Emissor e receptor carecerão de paciência e compreensão mútua.

Podemos dividir a palavra latina “respondere” (responsabilidade) em duas partes – re e spondere. Re é “de volta, para trás” e Spodere é “garantir, prometer”. Na construção e execução do plano criativo para alcançarem um objetivo (planejamento), será de suma importância que Josias e Tarsila prometam um ao outro que sempre voltarão para trás a fim de aperfeiçoar algum desenho do quadro da vida.

Planejamento é isso. Planejamento é traçar o futuro com criatividade. O planejamento da vida ficará melhor ainda se for acrescido de responsabilidade.


Luís José Braga Júnior