AS
ROSAS DA VIDA
AS
ROSAS DA VIDA
Revivi o
cenário outra vez
Quando ali
girava adolescente nosso mundo
Um amor tão
longe envolto em névoas,
Que foi
presente e o tempo o desfez...
O meu
fremido desejo mais profundo
Teus olhos
castanhos de brilho constante
Linda boca
que se entreabria brevemente
Ao passares,
ao teu jeito me olhavas
Cenário
fugaz de nosso mundo adolescente,
Ó ironia da
vida e das coisas do amor...
Teu peito
arfando, o rosto uma rubra flor,
Qual num
encanto encerrada em eterna dor
Pois, eis
que contigo não me importava;
Após
te transformaste, descobriste a beleza
Que em ti
estava tão pronta e latente
Guirlanda
de flores a transformou em esplendor.
Tu passavas
e de lindo jeito me olhavas,
A beleza em
breves sorrisos, sempre calada,
Teu ar
misterioso me explodiu em amor...
Ó ironia da
vida, pelo amor que origina a dor...
Amor curioso
- como seria seu franco sorriso?
Esse ar
calado, mas não era tristonho...
Alimentavam-me
os incessantes desejos
Atormentavam-me
as noites em sonhos,
Onde está
ela agora, que ela faz,
Canta,
dança, sorri, tua imagem que é minha ela desfaz?
Ó ironia da
vida e dúvidas das coisas do amor...
Sem ela um
minuto, o coração não se satisfaz
Caído frente
a beleza e tua personalidade
Altiva,
orgulhosa, mas me amava, me amava...
A vida e
suas peças: queria vê-la sorrindo...
Não só a vi
sorrir, também ria e ironizava,
A falar um
dia, que não mais me queria
A quem só te
queria amar e amar... ó ironia!
Hoje,
séculos já se passaram;
Relembrarás
meu amor e teu fiel desdém,
Transformaste-me
num ser tristonho a vagar;
Tu ao ficares
velhinha, sem um alguém para amar,
Cosendo os
retalhos dos tempos que eram belos,
Sentada ao
pé do fogo, estando só, sem ninguém,
Relembrarás
meu amor e vosso fiel desdém
Sobre meus
ombros mortos porei minha saudade
Quanto por
ti - em cruel paixão erigi castelos,
O quanto te
amei... Não há mais palavras...
Você será
sob a terra um fantasma qualquer,
Em sua
tumba, enegrecida, as flores murcharão.
Só receberas
sombria presença, em horas mortas,
Da
amargurada visita de quem tu só torturaste.
Às vezes pergunto
por que tu me arrebataste
Tiveste a
jovem certeza de poder fazer-me te amar...?
Ó ironia da
vida e dor que me perduraste
Amar e me
amar para simplesmente abandonar!
Naquele
distante milênio de nossa juventude,
Perguntas eu
fiz, sonhei muitas outras vezes,
Com os teus
olhos brilhantes, luminosos,
Para mim
concorriam com o sol em esplendor;
Esmagando no
peito e na alma a dor de tuas ironias
De meu amor
deserto de teu amor, na angústia árida,
Agora
plantada num jardim desfeito chamado passado;
Envolvido
pela lembrança das flores: doces palavras
Proferidas
por mim sem eco no profundo vale da desilusão.
Tão bem
cultivastes no desprezo e no desdém,
Que juro por
tudo que creio, pensava... De onde isto vem?
Vivenciar
tal pesadelo - creio ninguém viveu!
Em atinar
uma vida inteira, a transformação
De anjo em
demônio, sem motivo, sem causa ou razão...
Tão tolo
querendo a entender, com insistência, a procurava...
Assim fiz de
um profundo abandono, nova vida e coração.
Cego por
meus passados sentimentos irreais,
Sem olhos
para aquela outra real criatura
Aquela que
passava, olhava-me sorrindo, e sorrindo falava,
Sem
mistérios; sem ocultos intentos a reverter;
Tudo que a
crueldade e ironia roubaram da ternura,
Esta era uma
só em todo lugar, emanava perfume da flor;
Àquela que
uma única flor era uma declaração de amor.
A palavra
tristeza, muito menos ironia, ela desconhecia,
Calar-se por
quê? Se a vida era bela e podia me amar
Ganhar
somente em troca uma palavra, meu possível amor...
Ficava a
sorrir e me olhar sem nada pedir ou esperar
Por aquela
sofrendo, esta eu deixava de ver... de admirar.
Hoje canto
toda a felicidade de com ela estar
E um
belo jardim de rosas a cultivar
Com as
dúvidas dispersas, os sonhos florindo na estrada da vida,
O bem
existe; evitando este tão belo quanto traiçoeiro sentimento:
A paixão
celerada - que a alma cega - na busca do caminho,
No rastro
luminoso do amor e do verdadeiro ninho;
O mal existe
na alma perversa, sem explicação,
Enganamo-nos,
a beleza às vezes nos tolhe a razão,
Desnorteia-nos,
atira-nos fora da estrada num faiscar de momento.
Colocamos a
felicidade onde a imaginamos
E não a
pomos nunca no lugar onde estamos;
Relegamos
pela paixão a paz à nossa alma em desalinho
A mente um
mistério, camuflado da beleza por nós elegida,
Acomete-nos
de loucura, deliramos acordados, para o fim do caminho,
Diferente de
estarmos enamorados, em paz em com nossa vida,
Ao lado
nosso amor que tranquila e calma
Vive,
a dar-nos calor porque é amada e querida,
Para
colhermos hoje, as rosas da vida!