sexta-feira, 30 de outubro de 2015

QUERÊNCIA - PROSA E VERSO QUE A ESTRADA ENSINA







QUERÊNCIA - PROSA E VERSO QUE A ESTRADA ENSINA.

///@//ro ///@rti//s S@//tos 

       Digo de pronto meus patrícios, que um velho tapejara, se não poetiza nos conformes, não tem tal pretensão. Prefere colher as prendas depois do tropel de estrelas, qual diamantes fixas no céu. Há um estouro na noite, e a estrela boieira amadrinhando a lua, vai campereando o infinito. Colhendo da safra dessas prendas multicores, que não são por desfavores, que se vão pela manhã. Pela mão da madrugada é que se vão. Já sem muito atropelo, a estrela grande boieira é como fosse sinuelo, para que não se percam nos rastros, e logo à noite... voltarão! É tracejado do Patrão do Céu. Só esperam os abichornados pela melancolia, que buscando as reminiscências desta vida,  marcados com ferro e fogo em seus flancos: pelo amor, ou desdém de uma bela china.
       Uma prenda por mui bela, perto ou na lonjura, faz um taita repontar estrelas, com juras ao luar!
                                        
       Um velho tapejara vaticinou quando ainda eu era guri, que "seria um dia na vida, um taita, saindo igualzito ao pai", assim, movo minha pena, embora fraca, carecendo aprendizado e ser domado para a lida.
       Há quem diga que não deva, pôr o flete nessa estrada, atilhando palavras pilchadas de sol e calor. 
       Fala uma velha chirua, que faz rima de trovas, até com Y, Z e K, que: " Se as minhas palavras não rimarem, como um 'taita e uma china enforquilhados num cavalo' - não adianta chê - é como caldo de galeto, acaba de relancina e não mata a fome do galgo que teatina, para lá e para cá, em sua cina.
                           
                                 
       Fiquei a cismar comigo: - Minhas rimas não tem métrica... são limas que não afiam aço? Senti no velho peito um pontaço. Patrão do Céu! Me acuda a desenrodilhar o laço! Me ensine num galopaço em meu requeimado alazão, que Tu és o Senhor dos Pagos: do saber e da razão.
       Na corrimaça desses traços, finquei o espeque da intenção: - Vou mostrar p'ra velha China, que se alvora formada em Letras...ao enfim...Diz que foi o latim popular a mãe de nosso idioma. Isto é sim! Flor do Lácio, do vulgar latim. 
       Lhe mostrarei que não sou guacho, tenho mais que o idioma - não careço chapéu de penacho - tenho meu jeito de pensar, tenho cá meu axioma. Tenho um relampejar de sotaque, que aumenta meu falar. Tenho um riso ancho de alegria dentro de mim mui guasca, como patada de potrilho, em pau ferro que não lasca.
       Vou casar letra com letra, palavra entropilhada com palavra. Compor uma estrofe bem sonora, qual ave canora e outra e mais outra até o fim. 
      Vou casar melhor que o taita e a china. Vou me casar com a mais bela prenda, a Albina. Bem alourada, estudada, filha de gente fina. Mostro pois que para matrimoniar não basta ser um taita, tem que ser macanudo! Para se casar: - "Hay que tener vocación, mantener el casamiento hay que ceder su corazón".* (///.///.S@//tos)
                                       
        
       - "De assim, fiz a metáfora da Albina"; para firmar que não me descaso com a prenda, nem me faz importância levar um pito, pois eu rimo à contenta, só não metrifico, porque existe o verso em prosa ou prosa em verso, poetizar em prosa, prosear poemizando, tropilhando palavras bonitas, para os olhos, alma e coração. - Enaltecer a poesia é minha maior emoção. Digo mais: escrever não é querer é vocação. 

       
       Que seria do branqueamento dos versos mais queridos de: Pessoa, Bandeira, Cecília, Drummond e Mário "Menino" Quintana, este que ressoa, um poeta de vasta projeção e ardor, gaúcho de alma, nascimento e coração; o mais querido que já pisara o sagrado solo tapejara deste rincão; plantando uma cruz falquejada em sua última morada, de poesias, amor e calma. Escreveu versos branquinhos como sua alma!
       Tantos escreveram versos brancos, versos livres como Quero-Queros que voam  nos pampas, no capinzal e gramal  das campinas... E gaviões campeiros flanando nos campos e nos planaltos, tão longe e tão altos...
Voam porque voam.
       Se nos meus versos falta um pouquito ou de imenso o mate verde, não é por falta de palavras belas como prendas donzelas, paramentadas de chita e rendilhas, sela de brilhos de prata no alazão; as que descem da serra, para ir à bailança no grotão.
       
      A La cria, aprendi repontar palavras, nos pagos de imagens de meu pai, que deixou as sementes avoengas enterradas lá nos pagos de Bagé. Eu cá nasci em cidade que foi pousada de gaúchos, que de Viamão seguiam à Sorocaba. Tatuí ficava no meio dessa tropeada. Pois foi onde eu nasci.

       
                                 
        Pequenote cresci na selaria, sentindo o cheiro dos couros, dormindo em cima de pelegos, ouvindo da gauchada rimas e cantares, aos pagos, às prendas, xinas e xinocas; aos cavalos seus maiores apegos, pontilhados de querências e saudade. Ouvindo os falares, expressões e interjeições bem campesinas de meu pai com a peonada, regada de quando em quando, não mal entropilhando, com seu amigaço Olívio Palhares no violão e "seu" Abreu na 'gaita'3, num relancim noviço, aos moldes lá do rincão, uma ou outra porfia de pajador, ali na sapataria e selaria do velho, entre cinco ou seis olhares cativos... que nunca faltavam, às vezes aumentavam. Pois olhe, a peonada os chamavam de 'Mano-Juca'5, e aplaudiam sapateando.
       Que me lembro, das porfias, eram sempre os motes: "Por Causa Que", "Ninho De Geada", "Tatu"** e "Napeva" este último mote, também era o nome do cãozinho lá de casa, que não era mui pexote.
       
       Se nos versos e nas rimas sou devedor bastante; reconheço. "Devo, não nego, pago como posso".

Tenteio com couro cru a sina de escritor e ponho sinuelo adelante da tropilha, para que não me perca nos rastros de um coração vercejador.
       Ala pucha chê! Pois há quem diga como a velha china, "que só se vale enquadrinhar... Se seus versos não tem métrica ou rima, tudo é... menos poetar!" - Pois olhe; isso tolhe os versos macanudos dos taitas e tapejaras, que pontilham o céu literato. Daqueles que pilcham estrofes mais belas que prenda ao se casar.
       Se a velha diz: - Bah! Não são versos, são arremedos.
- Só de trovas ir vivendo tenho meus medos. Mais ainda ela diz: "somando trovas encimadas é que se desfaz o arremedo, e surge um poeta trovador."
       Poeta é quem enxerga para dentro, não carece ter perdido um amor ou sofrer uma dor, nem ter sempre uma régua na mão para metrificar, metrificar... Até: - "Atar a cola lá onde a Maruca prende o grampo" .
       Pois olhe, acho que sou deveras um proseador, e que me achasse só isso, já estava mui bueno. Ainda mais: contista e pensador, de lambuja; é o que dizem! Mas sou queixo-duro e redomão, não sou nenhum galreador, conheço os rumos do rincão. Faço a poesia que entendo e me faço entender. Sou peleador da prosa e das poesias, um posteiro a zelar de campo e galpão e das cercanias: - As poesias, não se olvidem, dão pontaços por baixo do poncho no peito dos abichornados, adelantando pôr-de-sóis. ¹
       Mas se me abrem a porteira da QUERÊNCIA e das estâncias, não me fazem caretas as distâncias. Monto meu alazão-requeimado, que tenho por apartado, com seu pêlo cor de canela, ruivo quase tostado. Vou de coração aquebrantado, semeando por estradas, planaltos e serras minha prosa, num estilo redomão.
       Há umas almas penadas, que calculam ser mui macanudas,  em cujas "penadas"  até que rimam e estrofilham, mas da obra não sai nada. Não são urdidas com tento. Não tem sumo de sustança p'ra temperar um bom charque-de-vento. 4
       Tudo nos trinques, rima, cadência, divisão silábica, ritmo, métrica, número de estrofes, classificação poética, estilo e escola. Mas não tem alma no corpo. A alma está penando por aí. São andejas pedindo esmola.
       "Cada macaco no seu galho" já diz o ditado popular. Mas meu galho é escrever e ler bastante - nunca é o bastante. Uma árvore tem muitos galhos e acolhem todos os amantes, da literata língua mãe. A que Bilac escreveu e nosso coração agradeceu:
"LÍNGUA PORTUGUESA
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela...
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela,
E o arrolo da saudade e da ternura!
Ame o teu viço, agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio da ventura e o amor sem brilho!"
*Deixo para ti que me leres até o fim, dois poemas bem a jeito, com sincerro² e de vereda, para que tu leias (se quiseres) em voz alta inflando o peito:
"DA QUERÊNCIA
Querência é aquele rincão
onde empeçou a existência,
o amor e a imaginação.
É o rodeio da consciência
presente ou em recordação.
Fogão nativo... Na ausência
ainda é mais forte a querência
cinchando no coração..."
(Aureliano, Romances de Estância e Querência;
 2ª ed. P.A., Martins, livreiro-Editor, 1981. p. 143)
.


"MATE BUENO
de gosto amarguento,
de erva batida
na concha da mão,
de bomba de prata
chapeada de ouro,
de cuia cozida
com cinza e carvão.
Mate gostoso,
cevado de novo
recém escorrido,
ainda espumante,
que a gente tragueando
se sente contente
e esquece um momento
a gaúcha distante
Mate que encerra
em seu gosto esquisito
o mesmo amargor
da saudade febril
que vem da lembrança
de uns olhos profundos.
Mate que lembra
os ervais tão bonitos
que vivem da seiva
do imenso Brasil,
- a terra mais fértil
das Terras do Mundo !!!
(Lauro Rodrigues, Minuano,
P.A. Globo, 1944, p. 29).


** 
TATU (Curiosidades) :- Minha cidade natal, Tatuí-SP, na Língua Caingangue,  ramo dos Tupis, que habitaram grandemente a região (hoje restam dessa nação 3.000 em todo o país) - significa "Água dos tatus" - i (y ou j) = água e tatu. Maior curiosidade é que é que no R.G.S, Tatu, -  é uma variedade de fandango, com inúmeras quadras sobre o tatu, que os pares (na dança) entoam ao dançarem:
O TATU: 
Eu vim pra contar a história
Dum - tatu - que já morreu,
Passando muitos trabalhos
Por este mundo de Deus.

O tatu foi muito ativo
Pra sua vida buscar;
Batia casco na estrada,
Mas nunca pode ajuntar!

Ora pois, todos escutem
Do tatu a narração,
E se houver quem saiba mais,
Entre também na função,

- Anda a roda,
o tatu é teu;
Voltinha no meio,
o tatu é meu! -
____________________________________________________


[E assim prossegue a bailança indefinidamente, cujo versejar
gaúcho e muitíssimo fértil...]

1. O mesmo que pôres-de-sóis // plural de pôr-do-sol, usado no R.G.S.
2. Cincerro - campainha grande colocado no pescoço de fêmeas de cavalos, - madrinha, a cujo som todos os outros a acompanham, mantendo-se sempre reunidos.
* Frase em espanhol, construída a propósito. No R.G.S. de fronteiras: com o Uruguai e Argentina, fala-se um tanto quanto bilingüe, por causa das cidades que se aproximam, ou mesmo se dividem por ruas e avenida. Ainda quer seja, pela introdução de membros familiares de origem castelhana e vice-versa. Quando não, incorporaram ao falar gauchesco muitos termos desses países: Buenas, Buenas tardes, Bueno, Mala suerte, Querência, muitos diminutivos, galopito, solito, tardezita,... e outros cordeona, pago, de ansí , adelante, etc...
3. Gaita - o mesmo que cordeona, sanfona ou acordeon.
4. Charque preparado para o consumo das estâncias, constituído de mantas finas, com pouco sal, SECADAS AO VENTO. É muito saboroso, porém, pelo pouco sal, tem curta duração. (Pl.: Charques-de-vento).
5. Mano-Juca, - Tratamento gaúcho que se dá aos homens do campo, os que peleiam jornadas campesinas, que tem ares de rústico, por extensão ao um tropeiro, tropeador. Pau pra toda obra no campo e nas estradas. 

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COMENTÁRIO

Poetas e Escritores do Amor e da Paz <mail@peapaz.ning.com>
Para
santos.mauro@yahoo.com.br
Hoje : 29/10/2015 - em 1:58 AM

*Mônica do S Nunes Pamplona respondeu à sua discussão "QUERÊNCIA - PROSA E VERSO QUE A ESTRADA ENSINA" em CULTURA REGIONAL em Poetas e Escritores do Amor e da Paz

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Uauu!!!

Que maravilha de leitura!
De repente, me vi totalmente envolvida por tuas letras.
O forte sotaque, a força de expressão, as ricas rimas... Enfim, todo o conteúdo oferece uma grandeza especial.

Mas quem foi que disse que pra fazer poesia, tem que haver rima ou métrica?
Saiba que o que acabei de ler, não deixa de ser uma linda poesia. E com direito a rimas e sentimentos.

As estradas, de certo, muito ensinam ao ser. Interligam culturas, que abrilhantam conhecimentos.

Tantas recordações expressas em carinho. Só permitem ao escritor, tamanha criação em versos prosa. E ao leitor... Bem, este fica com a melhor parte.

Parabéns, querido amigo.
Sensacional partilha.
Bjsss, no coração.



*Mônica do S. Nunes Pamplona é Escritora e Profª Doutora em Literatura da Língua Portuguesa na Universidade do Pará-BR.




















Olho nos teus olhos - Luís Braga


Olho nos teus olhos

Olho nos teus olhos
e contemplo tantas verdades
Verdades que não são ditas pela boca
somente pelos olhos

O olhar misterioso
que guarda o mistério
da menina misteriosa
dona do meu império

Apaixonei-me pelos olhos
depois  pela menina
Olhos cor de mel
que me dão adrenalina

Fico todo sem jeito
quando estou perto dela
Engasgo, tusso, fico avermelhado
estático, sem respirar, todo parado

Bom, não vou falar quem é
pois é segredo
o nome da menina
que inspirou este enredo

Luís Braga (Membro da Academia Guaçuana de Letras)

Postagem original no blog do autor

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

O MEU AMIGO PETISTA

 Meu amigo petista andava acabrunhado e chateado com os últimos acontecimentos envolvendo o seu partido, mas, não obstante, continuava firme defendendo aquele que ele dizia ser “o último grande Partido de esquerda do Brasil”. Questionado, ele sempre respondia que o Brasil deve tudo que tem ás administrações petistas e que Lula foi o maior presidente que o Brasil já teve. Quando foi perguntado sobre a presidente (a) Dilma ele tentou se esquivar afirmando que ela é vítima da direita, de um complô e que vai dar a volta por cima e provar  que é inocente e que tudo que fez foi para o bem do Brasil. Quando foi perguntado sobre as “pedaladas”, ele se esquivou de novo. Percebi então que o meu amigo petista, politicamente falando, além de ser surdo é também estrábico e mal intencionado. Era um caso quase perdido.
 No meu afã de conversar sobre política, perguntei-lhe se ele já tinha ouvido falar da crise que varre o País de Norte a Sul, crise esta que se transformou em um tsunami partindo de uma simples “marolinha”. Ele desconversou e disse que a crise é mundial e que não vê motivos para tanto alarde. Novamente, voltou a citar a direita, as elites e a “turma do quanto pior melhor” se referindo claramente à oposição. Então eu lhe disse que ele está superestimando a direita, e que o PT foi capaz de produzir uma crise sem precedentes em nossa historia de 515 anos. Se a direita estivesse no poder poderia usar a sua força de persuasão e inteligência para tirar o País do buraco. Meu amigo petista ficou quieto, então eu lhe lembrei que o PT está no poder a quase 13 anos e até agora, em minha opinião, só fez “caca”, começando com o famigerado mensalão e por aí vai, culminando com o que se vê hoje.
 Percebi que ele estava querendo escapar, afirmando que eu só falava isto porque odiava o PT e sempre escrevi a mesma coisa sobre este Partido. Eu lhe disse que escrevo poesias também e modéstia à parte ganhei alguns prêmios, inclusive tenho um poema sobre o Mensalão, que eu quis lhe mostrar, mas ele rejeitou. Eu lhe disse, com uma certa ironia, que já tentei diversas vezes escrever algum texto favorável ao seu partido, mas a minha consciência sempre me acusou e eu tive que rever o meu projeto. Meu amigo petista, depois de pensar um pouco acabou confessando que também discorda de algumas coisas do seu partido. Quando eu quis saber quais coisas, ele me disse que este assunto é de fórum íntimo. Preferi não insistir, mas isto já é um bom começo e, quem sabe, poderá ensejar uma nova conversa. No fundo no fundo fiquei com pena do meu amigo petista. E com mais pena ainda do povo brasileiro.

Cícero Alvernaz, 60, é cidadão brasileiro, guaçuano e aposentado.
Mogi Guaçu, 26-10-2015.

Reunião de outubro de 2015 da AGL

17 de outubro de 2015 foi importante para a Academia Guaçuana de Letras. Às 15h em uma das salas da Faculdade Maria Imaculada, ocorreu a reunião mensal da entidade. Neste encontro ocorreu a votação para a próxima diretoria da AGL, biênio 2016/2017, pela qual ficou decidido a reeleição do atual presidente, assim como a sua vice e a maioria da atual direção.

Maria Ignez expôs seu estudo sobre o seu patrono, o poeta Guilherme de Almeida e o Ubaldino leu suas poesias e tocou músicas de sua autoria. Já Afonso J. Santos apresentou sua crônica "O leitor" e Maíra leu texto de sua autoria. Luís Braga marcou o dia do escritor e do poeta com uma reflexão. O Acadêmico Ao final houve uma pequena confraternização. Eis as fotos cedidas pelo Acadêmico Cícero Alvernaz:

Todos os presentes

As meninas

A Acadêmica Maria Ignez

Samantha e Ubaldino

Fica o registro.
     

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Ser poeta (20 de outubro – Dia do Poeta)
Olivaldo Júnior

        Um dia, quando eu menos esperava, passou um anjo de óculos e... Zum! me fez poeta, bateu asas e voou. De lá para cá, primeiro a lápis, depois à máquina e, mais recentemente, a teclado, deixo vir milhões de versos à luz de todos, porque a Poesia quer largar os livros, saltar dos sites e pular na boca e nos ouvidos de quem mais precisa. Eu sei que preciso escrever, mas há muitos que também precisam. E você?
        Sexta-feira, à noite, conheci um jovem que tem feito das palavras sua forma de resistência às drogas. É um jovem muito humano, que se preocupa com o próximo e, através de suas letras, quer fazer um novo mundo para os outros e para si. “O importante é a mensagem”, disse ele. E é verdade. Muitas vezes, ficamos presos à métrica, à forma dos versos, o que é muito legal e vale muito, mas não é só isso. Ser poeta é só isso?
        Não, ser poeta é bem mais que saber fazer uma trova, escrever um soneto, botar os pingos nos “is” e querer dominar todas as técnicas de escrita. Ser poeta é falar em público um poema, seu ou de alguém, pois o que vale, ao fim das contas, é o contato com as pessoas que querem do poeta o que ele tem de melhor: sua visão de mundo. Em que mundo você vive? O que tem feito de sua vida? Não sei, mas o anjo poeta sabe.
        Ontem estive em uma companhia teatral daqui, a Parafernália. Houve música, dança, teatro e, é claro, poesia, que ninguém é de ferro! Num belo ambiente, bem lírico, o público se emocionou e pôde sentir a energia que a Arte nos dá. Energia que o senhor sentado à mesa comigo tem sentido, iniciando sua carreira teatral depois dos sessenta anos e se dando a chance de brilhar. Ser poeta é iluminar, mesmo apagado, o viver.
        Dia 20 de outubro é o Dia do Poeta, data criada em 16 de novembro de 1999, durante a XXX Conferência Geral da UNESCO. Mas, assim como todas as datas comemorativas, o Dia do Poeta acontece todos os dias, quando alguém se senta e, seja num papel, seja numa tela, ambos em branco, deixam marcas, muitas pistas para um mundo em que todos podem estar, o da Poesia. Que venha o anjo de óculos! Amém.

16h45min

Mogi Guaçu, São Paulo, dezoito de outubro de 2015.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

FASES

Fases da vida, fases da lua,
gente que passa medindo a rua,
homem sem rumo que além flutua,
fases da vida, fases da lua.

Nuvem que vem, tempo que passa,
no ar a vida vira fumaça,
num desenlace que ameaça,
tudo se vai, se despedaça.

Vidro se quebra num desatino,
marcas de sangue no mezanino,
eu sou assim, mas fui menino,
não sei por quem dobram os sinos.

Fases da lua, fases da vida,
alma sem fé, fé sem medida.
versos no ar, folha caída,
nem sempre o tempo cura a ferida.

Cícero Alvernaz (autor) 18-10-2015.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

A poesia de Fátima Fílon está no ar

Alair Bellini Junior sempre apoia ações em prol da Cultura


A rádio Visão FM 87,5 tem um programa matinal chamado Bom Dia Comunidade. Ele é comandado pelo competente e conhecido radialista, apresentador e jornalista Alair Bellini Junior. O interessante deste programa é que, além de informar o cidadão regional, ele faz difusão de cultura através de leitura diária de poemas da Acadêmica Fátima Fílon

Para ouvir Alair Bellini Junior declamando os poemas de Fátima Fílon basta sintonizar a rádio ou acessar o site:       


no horário das 9h da manhã. 

A Academia Guaçuana de Letras agradece publicamente ao veículo de comunicação Rádio Visão FM e em especial Alair Bellini Junior por difundir o trabalho de um Acadêmico. Mais ainda, por conceder espaço tão importante à cultura da nossa região. 

Eu ouço os poemas todos os dias. 
Fica a dica, o registro e o agradecimento.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Dia do Escritor


Não querendo ser redundante, mas já sendo, escritor não é somente aquele que escreve, também, é aquele que tem o poder de influenciar. O escriba tem a virtude de persuadir, pois em cada frase escrita tem uma magia colocada por ele. Entretanto, esse encanto não é do mau e sim do bem, visto que em cada palavra há uma instigação/inspiração.

O autor de um texto, seja lá qual for, tem uma grande responsabilidade, porquanto ele traduz ao leitor o mundo e tudo que nele há. Suas palavras demonstram sentimentos, cores, linguagens, visões, opiniões e etc.

Por outro lado...

Uma grande responsabilidade pode ser um perigo, uma vez que o escritor poderá – dependendo do escrito – ser um formador de opinião. Tem muita gente sendo influenciada por escritorezinhos com más intenções. A opinião pública, muitas vezes, é formada (ou má formada) graças às influências negativas de certos escrevedores chatinhos, que são capachos de algumas mídias nacionais e/ou internacionais.

Meu objetivo aqui não é trazer luz a obscuridade de alguns autores, e, sim, homenagear todos de uma forma geral.

Portanto, amigos escritores, faço votos, para que vocês escrevam cada vez mais. Essa é a nossa missão. Escrevemos porque gostamos, e porque temos a necessidade de escrever. Registrar palavras, elaborar textos, tecer versos, apontar caminhos através da escrita, criar estórias, compor letras, é uma questão de sobrevivência.

Luís Braga (Membro da Academia Guaçuana de Letras)


Texto originalmente postado no blog do autor.

quinta-feira, 8 de outubro de 2015


COMENTÁRIOS SOBRE O TEXTO "PLURAL DE TIL [~
RECANTO DAS LETRAS


06/09/2015 07:31 - David Fares
Parabéns pela lucidez e pela inteligência do texto, Mauro! Há muito não vemos nada semelhante por aqui. São textos deste jaez que valem a pena ser lidos, relidos, copiados e guardados! Um forte e tríplice abraço. David Fares.'.
Para o texto: PLURAL DE - "TIL" - (T5372329)

06/09/2015 03:09 - Stelo Queiroga
Muito bom mestre Martins ... Para ti tiro o chapéu ... Ante escritos tão ruins ... Aprendo aqui "pra dedéu" ...
Para o texto: PLURAL DE - "TIL" - (T5372329)


quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ESSÊNCIA
Gosto de escrever porque me divirto,
mas, sobretudo, porque me solto.
Me entoco, me invoco, me provoco,
me cubro e me descubro.

Quando escrevo sou mais eu,
sou dono do meu pedaço,
me faço e me refaço,
me afasto, me abraço,
me vou e me venho,
me rejeito e me tenho,
e não peço licença pra ninguém.

Alguém me disse
que eu não sei escrever.
E quem disse que eu quero saber?
O importante é alguém me ler
e entender a minha mensagem.

Na minha escrita o que conta é a essência,
tudo assim bem saltitante,
com palavras excitantes
num ziguezague sem fim.
Isto é o que vale pra mim.

Gosto de escrever porque me divirto,
mas, sobretudo, porque me solto
e consigo assim o meu intento,
e preencho assim o meu momento
de uma forma que compensa.
Na verdade, só escreve quem ama e pensa.

Cícero Alvernaz (autor) 05-10-2015.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

PROSA PARA PENSAR NOS SEGREDOS DA ALMA

PROSA PARA PENSAR NOS SEGREDOS DA ALMA



 PROSA PARA PENSAR NOS SEGREDOS DA ALMA


Mauro Martins Santos  - Membro fundador da Academia Guaçuana de Letras




Lembremo-nos que por vezes,

há necessidade em se dizer,
por meio de metáforas e parábolas


- assim sem se constranger -


o que nos é segredo da almae nos dói,
nem as caladas paredes podem saber;


O intransigível existe e se contrapõe


ao nosso campo de incisivas emoções,

Umas superáveis, outras nos justapõe

com o objeto do amor que um dia se foi.


As pessoas que mais amamos - às vezes achamos - que são as que mais 
nos decepcionam nos causam espanto ou surpreendem - por julgarmos 
que são, ou deveriam ser passivas - e esquecemo-nos fragorosamente 
que são humanas e clamam por ser livres.
Que não, como nós mesmos, suportam indefinidamente a prisão de anular-se
perante o mundo, nos subterrâneos de uma vida secreta, um Double de si mesmas.
E nisso somos inquietos, imediatistas, egocêntricos 
e incompreensíveis, 
na maioria das vezes.
Em estudo de causas, se verifica que os desenlaces afetivos recaem sobre esse fato: 
de partirmos do princípio que (nós) somos produtos acabados, 
protótipos aos 
demais semelhantes, e que (os outros) nos façam felizes quando quisermos, 
e não 
quando eles necessitarem serem feitos felizes.


É isto que escapa aos relacionamentos afetivos e os dentes, da engrenagem 
emocional, não se encaixam.
Porém a vida é paradoxal, como fosse experimental.
E calculo que realmente seja. Mormente no campo passional.
Nesse entendimento - é a inquietação do amor que em secreto - dá ao universo 
o movimento em revolução, antes de ser analisado como força 
avassaladora - mais quando amamos em segredo - como algo autoimune 
que nasceu conosco, extravasa o coração e explode em paixão.



É essa vertigem do amor secreto, que faz girar os mundos
e nos confunde como atormentados da inquisição,
à busca do erro ou pecado de nossa ardorosa paixão,
 vasculhando a penumbra subcorpórea  abrasada,
invadindo qual tenazes nossa mente desvairada
até as profundezas da mente e coração.

< >

Destarte toda perfídia do mundo, imaginamos ainda: se pudéssemos... 
Ah, se assim pudéssemos... retroagir todas as voltas da espiral do tempo
a reencontrar nosso grande amor;
isento de culpas, como um dia surgimos os dois. 
Reiniciarmos a contar as estrelas do ponto onde paramos...
No silêncio da noite, a neblina nos evolvendo, a lua viajando serena
entre nuvens rendilhadas no céu polvilhado em pó de prata.
Tu a buscares o abrigo e o calor dos braços meus. 
Estavas tão fria, tão fria a noite...
E ao longe alguém talvez amando como tu e eu, 
sofrendo ele a ausência de seu secreto amor,
- ao som de um violino cantava – no silêncio absoluto da noite – 
esta canção:
Queima no deserto o inclemente Sol,
Iluminando mais um dos dias esvaídos
Entre dunas e planuras intermináveis...
Queima minh’alma - do Sol a última chama
A clamar-te, já sob um céu de estrelas.

Meu horizonte secreto é uma vasta miragem,
A levar consigo meus sonhos e queixas,
Flano as asas em busca de tua imagem
Viva, sobre a aridez deste meu corpo.
Perfume flagrante tua doce lembrança deixas...

E do cansado lamento eu fiz meu segredo,
Para que tu fosses meu refrigério de encanto,
 Meu oásis, altiva rainha de soberana calma;

Meu celestial poema neste tórrido degredo,
Sombra de tamareiras, para minh’alma!



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PRIMEIRO  LUGAR - PROSA