domingo, 25 de dezembro de 2016

PRETENSO DIÁLOGO COM FERNANDO PESSOA - POESIAS -


Última foto tirada de Fernando Pessoa
In Blog Opinião Central

Mauro Martins Santos

PRETENSO DIÁLOGO COM FERNANDO PESSOA
POESIAS



Sim, sei bem

Sim, sei bem
Que nunca serei alguém.
Sei de sobra
Que nunca terei uma obra.
Sei, enfim,
Que nunca saberei de mim.
Sim, mas agora,
Enquanto dura esta hora,
Este luar, estes ramos,
Esta paz em que estamos,
Deixem-me crer
O que nunca poderei ser
.

                                  


Sim, também sei
Mauro Martins Santos

Sim, mestre Pessoa
Também sei e não é à toa
Que não sou um alguém.
No Brasil para editar uma obra
Mesmo nalgum confim,
Morremos à míngua
A pagar uma edição chinfrim.
Muito embora,
Enquanto são duras as horas,
Esta ilusão, talvez esperança,
Que haja uma mudança,
Vou sonhar acordado
Em ter um livro editado.


AOS LEITORES DESTE BLOG




Aos leitores deste Blog

Um feliz natal para todos e que em 2017
não nos faltem energia e confiança mútua!
Obrigado a todos que ajudam a incentivar
e divulgar o blog com suas leituras e visitas.
Obrigado também pelos comentários, e pontuação de presenças.
Grande abraço,

Mauro Martins Santos
Um amigo em um ponto do planeta
Buscando o melhor em divulgar a literatura
E as artes em geral - para cultura e entretenimento.

Muito obrigado

Thank you very much

sábado, 24 de dezembro de 2016

A MENINA E O VENDEDOR DE PINHÕES





A MENINA E O VENDEDOR DE PINHÕES.

Mauro Martins Santos

A noite havia chegado depressa, naquela pequena vila do Sul; era véspera de Natal; soprava um vento gelado vindo da Antártida e dos Andes, chamavam-no de Minuano, uivava como fossem lobos guarás nos profundos bosques de araucárias e havia folhas secas e acículas espalhadas no chão.

Aquele pobre vendedor de pinhões de  nome Pedro, tinha passado o dia inteiro vendendo  pinhões cosidos umas poucas pinhas e algumas lembrancinhas da região.

Mas dava Graças ao Patrão dos Céus, como na entonação de seu forte sotaque demonstrava todo seu respeito e obediência a Deus, pois não voltava para casa trazendo nenhum pinhão e nenhuma pinha, inclusive nós de pinho, usados para fazer fogo de chão, e aquentar lareiras.

Na verdade, só tinha sobrado um saquinho dos pinhões cozidos que insistiu em vender, para orgulhosamente voltar para casa e dizer aos seus dois filhinhos, uma menina e um gurizinho e à sua bondosa esposa, que vendera tudo e dar a ela o resultado de seu dia de trabalho. Era um dos saquinhos maiores, pois trabalhava com dois tipos, um era menor e mais barato. Pensava ele: se aparecer um freguês - como de costume a pessoa  aguardava;  a água  estando fervente ainda,  colocava os pinhões na água, mais um pouquinho de sal e o comprador os tinha  quentes, como feitos na hora.

Mas a única rua, que era ao mesmo tempo avenida, rua principal, estrada de rodagem e atravessava de lado a lado o vilarejo já estava deserto, um ou outro carro de turistas passava apressado, poucas pessoas passavam ligeiras, se esfregando para aquecer braços e mãos, sem prestar atenção aos seus brados de vendedor.

É o ultimo! Dizia ele já muito cansado – “o último saquinho de pinhões duplo pelo preço de um!” Ninguém quer comprá-lo?

Como ninguém parava,  ele  começou a desmontar  a barraca acoplada no velho carro, que o levaria de volta ao Recanto dos Pinhais, uma pequena gleba de terra coberta de um bosque de belas e majestosas araucárias. Morava ele em uma casa de madeira. O frio era intenso, por isso lhe dava vontade de correr para  dentro de casa, ficar junto da lareira abraçado à família.

Mas ocupado em desmontar a barraca, ao enrolar a lona para guardá-la no porta-malas, só então, Pedro percebeu a figura pequena e trêmula de uma menina – teria uns seis anos, franzina tremendo de frio sem qualquer abrigo, apenas o vestidinho de chita. Mas estava quieta, sem chorar, sem nada pedir; calada, parada, olhando-o fixamente com seus olhos grandes e azuis, brilhando na iluminação da rua.

Olhava para o saquinho recheado de pinhões e engolia em seco a coitadinha!

Sem atinar outra coisa, imaginou uma criança, já ao anoitecer, ainda na rua e disse mansamente: Vá para a sua casa menina! - disse-lhe Pedro.  Vá para casa, aquecer-se um pouco, não carece de ficar nesse frio! Até eu já deixo o trabalho e vou-me embora para casa também.

A menina não respondia.  Pedro então notou seu rostinho magro, só se viam os olhos azuis e fixos, enormes; ela não escutava o que o vendedor de pinhões falava...

O vendedor  então condoído do pequeno vulto, pensando em seus filhos resolve perguntar : - Onde estão seus pais ? 
- Eles morreram - disse a menininha num fio de voz. Não tenho mais ninguém, só este cachorrinho que dorme comigo na rua!
Aonde? - Lá, apontando uma velha capela de madeira.

O vendedor era totalmente pobre, só tinha aquele bosque de araucária que lhe dava o sustento e lhe deu sua casinha de madeira; mas o brilho dos olhos enormes daquela menina o emocionou às lágrimas; e de repente, levado por algo estranho, sem atinar seu braço se moveu e estendeu o saquinho de pinhões cozidos para a criança.

Ela o pegou, correu para Pedro e o abraçou, murmurou um: - obrigada!! - e se foi, desaparecendo no interior da corroída capela.

Naquele mesmo instante,  uma estrela de um brilho excepcional que Pedro jamais vira na vida iniciou a riscar o céu; brilhou mais intensamente, cruzou  o cetim escuro do céu cravejado de brilhantes – e desapareceu  enfim, no longínquo horizonte recortado pelas montanhas.

Pedro desprendido do mundo e de si mesmo, percorreu o infinito seguindo como os olhos o esplendor daquele cintilante trajeto... E soube sem explicação, da mesma forma enigmática do mover de seu braço e mãos ofertando os pinhões à criança... Lá no fundo do seu coração, que esse sinal foi o tracejado e sublime agradecimento de uma mãe.


*


Hoje passados anos e anos, Pedro e Eudóxia, tem três filhos, dois são casados  moram em uma cidade grande, a do meio permaneceu no Recanto dos Pinhais, cuidando do casal de velhos - seus pais adotivos.





sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

O amor é doação

O amor é doação


        

        Assim eu entendo o amor em plenitude! 
Ele faz com que a felicidade de um seja refletida 
nos olhos do outro; ensina a trocar confidências; 
dividir preocupações, sonhos e alegrias; 
mostra que é possível superar juntos, 
dificuldades, erros e limitações... e faz entender que, 
como seres humanos, somos imperfeitos e 
erramos, e magoamos, muitas vezes, a quem 
mais queremos bem!

       Acredito que Amar em plenitude, 
é sim, ter a humildade e a grandeza de pedir perdão 
e que é possível sempre sermos pessoas melhores.

        É verdade que um amor assim, infelizmente 
é incomum. 
É difícil de ser concretizado, porque, 
na maioria das vezes, os dois 
não olham na mesma direção... 
Entretanto, não é impossível, não é utopia! 
Quando vi, na igreja, um casal celebrando 
os seus 63 anos de casamento, fiquei emocionado 
ao vê-los renovarem os votos que fizeram 
diante de Deus há 63 anos! 
Lá estavam celebrando com eles, quatro gerações 
de uma linda família que construíram.

        Ora nesses 63 anos... Uma vida!... Com certeza 
houve momentos difíceis, em que teriam precisado
 mútua compreensão, respeito, tolerância, renúncias, 
desapego do “Eu”.Tudo isso somado = amor!

       Graças a Deus, há muitos outros exemplos 
assim, de pessoas que se escolhem para formar 
uma família e optam por ser felizes... Porém, ser feliz 
não significa ausência de cruz, mas esta se torna leve, 
quando ambos olham na mesma direção, 
buscando a luz do Amor Maior.

       Quando o essencial é esquecido, 
o amor enfraquece; e aos poucos vai sendo sufocado, 
e finalmente, substituído pelo egoísmo, 
pelo sentimento de posse, pela intolerância...

      Quando o essencial é esquecido, o amor é facilmente 
confundido com a paixão, que é cega e avassaladora 
como uma tempestade, mas vai embora, 
deixando rastros de destruição. 
O amor é como o sol, que volta a brilhar mais forte, 
depois que passam as nuvens escuras; 
é como o orvalho das manhãs, que se renova a cada dia,
 umedecendo a terra, para que as flores não percam 
a sua beleza; nem os frutos, o seu sabor.

       O amor, na sua plenitude, não é sentimento; é doação, 
porque nos foi doado por Deus.

      *Embora eu haja discorrido especificamente sobre 
aqueles que se escolhem para formar uma família, 
creio que este amor em plenitude, nos foi 
“doado” por Deus, para que sejamos capazes de ver 
os nossos semelhantes, assim como Ele os vê!

Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, 
e todas as demais coisas, vos serão acrescentadas! 
Lc. 12,31

Workshop Fotográfico no Pantanal Brasil| Junho 2017








Workshop Fotográfico no Pantanal
Brasil| Junho 2017


QUEM FOTOGRAFA NÃO MATA NEM TRAFICA A FAUNA E A FLORA. FOTOGRAFIA É ARTE.


A Photo in Natura começou a divulgar hoje seu primeiro Workshop de Fotografia de Natureza agendado para 2017. A atividade acontece de 14 a 18 de junho de 2017, aproveitando o feriado nacional de Corpus Christi.

Desenvolvido especialmente para aqueles que buscam uma grande experiência fotográfica no Pantanal, o workshop ocorrerá em um período de transição entre as estações da cheia e da seca, oferecendo a possibilidade de vivenciar um pouco de tudo o que a região oferece ao longo do ano.

O grupo será composto por no máximo 10 participantes, sempre acompanhados de um fotógrafo-instrutor, um assistente fotográfico e guias locais experientes em buscar as melhores oportunidades de encontros com as belezas pantaneiras.

As atividades práticas em campo serão realizadas nos melhores períodos do dia para encontrar os animais e aproveitar a melhor luz para fotografar paisagens. Nas horas mais quentes do dia, quando o Pantanal fica silencioso, aproveitaremos para desenvolver as atividades teóricas com todo o conforto, em uma sala com ar-condicionado e estrutura para apresentações audiovisuais.

Para inscrições e maiores informações, entre em contato através dos canais disponibilizados no cartaz acima ou entre na página do evento no Facebook. Confiram.

SAUDADE DE TI EU TENHO























SAUDADE DE TI EU TENHO

Tenho de ti saudade dorida,
Por nunca mais te encontrar;
No meu coração aberta a ferida,
Que somente tu poderias fechar.

Tenho de ti a restar saudade,
Saudade de ti a restar eu tenho,
Apesar de tua cruel veleidade
Só para ver-te de longe venho.


Passaram os anos sem voltares,
Onde o nosso amor nasceu...
Voltes um dia, só a saberes,
Se quem te amou não morreu!

Quando de mim tu foste embora,                                
Parecendo mesmo que fora ontem,
Só de ti, o perfume permaneceu.

Tudo ficou assim... Sem emoção!
Dos velhos caminhos fiz uma ponte
De sonho de amor, mas sem paixão!  




quinta-feira, 24 de novembro de 2016

SURPREENDA-NOS PAI



Surpreenda-nos Pai...

Todas as idades nos reservam surpresas impactantes,
Não importa
Quanto jovem fomos para os dons e bençãos.
Certamente
Já na velhice teremos
Com nossa presença a quem precisa,
Uma simbiose de corpo e alma apaixonante...
Que nos leguem bendita sinergia,
Aproveitemos
Os momentos que se nos oferecem,
Sejam ou não grandes e incríveis,
Com muito ou pouco néctar de energia.,
Talvez seja este,
O segredo das pessoas inesquecíveis.


terça-feira, 22 de novembro de 2016

Posse dos novos Acadêmicos, novembro de 2016

No dia 19 de novembro de 2016, por volta das 15h no auditório da FIMI (Faculdades Integradas Maria Imaculada), ocorreu a posse de quatro novos membros da Academia Guaçiana de Letras. São eles:

Angela Camargo Freitas;
Luís José Braga Junior;
Izilda Alves de Oliveira Rocha Campos e
Ubaldino João dos Santos. 

Embora o Acadêmico Ubaldino não tenha comparecido à solenidade, o presidente da AGL o declarou empossado. No final os Acadêmicos realizaram sua tradicional confraternização de fim de ano, veja algumas imagens:

Todos os Acadêmicos presentes


Angela recebendo o diploma da AGL

Luís Braga recebendo o seu diploma de Fátima Fílon

A escritora Isa de Oliveira é a mais nova Acadêmica da AGL

Augusto Legaste e Angela


Fica o registro. 

domingo, 20 de novembro de 2016

VELHO AURÉLIO























VELHO AURÉLIO ‘

‘Sendo velho,
A vida ralha
Como relho, ‘
Diz pra si 
O velho Aurélio.
Que já não mais 
Dobra o joelho...
Não levou
‘Vida canalha

Nem de gaudério, 
Tal vida não leva
Por mortalha,
Na longa estrada
Desta batalha... ’




















Só na sombra
Da Pedra Grande
Desgastada,
Por derradeiro
É que pediu:
‘Ser a última morada,
Deste velho peleador. ’
Sua nora
O acompanha,
Confortando sua dor
Na diuturna campanha!
Nara, a jovem
Que não ralha,
O ajuda com as
Rotas tralhas
Ela e o marido Aran
Nunca lhe puseram
Cangalha.
Aran filho,
Nara a nora,
Sejam benditos,
Este velho  
Quer-vos abençoar
e se não for pedir muito:
‘Quero jazer 
Na sombra
Da Pedra Grande,
Do relho não desfazer
Pra tundar alma penada,
Das que nunca
Fizeram o bem, 
Só maltratar
Só malfadar
Todo mundo,
Sem nunca 
Amar ninguém!’




















E junto às tralhas,                                                                                                                     O fiel amigo cusco
Também velho,
Se enrodilha
Nas botas
Do velho Aurélio,
Que camperearam
Tanta coxilha.
O velho cusco
Quer a custo:
A ovelha,
O tordilho,

















A nora Nara,
E ao filho Aran,
Acompanhar
O rastilho...

Aurélio se atrapalha
A pegar água da talha,
E uma unção 
Nas Cabeças
Da nora Nara
E do filho Aran 
Pra benção
O velho espalha!
Pediu-lhes uma
Cruz de cedro,




















Feita por Ordec
O velho Inca Xiru
E seu filho Acní,
Descendentes
de velhos tribais
Vindos do Peru de
Artesãos ancestrais.
São amigos de
Oruam de quem
Não esquecem as obras
Nem o toponímico
De família de valor;
Sod-Sotnas;
De Grande Rio
Das Cobras
Morador.

























“Raios !”
Ralha Aurélio:
O raio é
Ser velho!
Rememorando
Seu açoriano pai. 
Apenas
Há penas:
Uma mais branda
Outra mais atroz
Dúvida e dor,
Nesta vida
A carregar 
Que remontam
Aos bisavós;
Nada mais terei
Além dessa
Cruz falquejada
E duas lágrimas
Pra derramar.

E em castelhano 
pra Ordec entender:
‘Donde están
Los otros sus
Hermanos? 
Muertos  los doce
y sus mujeres
No están...’











Antonte, de longe,
Vi todos c'os filhos 
P’ras bandas da Missão...
Entonces serão só cês dois
E meus dois benditos,
No meu velório? 
Bençoados
Sejam cês dois,
Que tiveram coração,
Ponto de pra duas dúzias
De veros viventes
Fazer vera repartição!
Mas tão todos perdoados,
Não são mesmo de parecença
os dedos da mesma mão.
Lembre meus
Dois filhos:
A Pedra pode ser 
Demais de grande
Mas sua  sombra
Que também é grande, 
Por cima de  minha cova
Não me assombra! 
Porque a pedra
Pode ser grande
Mas sua sombra
Que também é grande...
Não pesa nada!!