domingo, 20 de novembro de 2016

VELHO AURÉLIO























VELHO AURÉLIO ‘

‘Sendo velho,
A vida ralha
Como relho, ‘
Diz pra si 
O velho Aurélio.
Que já não mais 
Dobra o joelho...
Não levou
‘Vida canalha

Nem de gaudério, 
Tal vida não leva
Por mortalha,
Na longa estrada
Desta batalha... ’




















Só na sombra
Da Pedra Grande
Desgastada,
Por derradeiro
É que pediu:
‘Ser a última morada,
Deste velho peleador. ’
Sua nora
O acompanha,
Confortando sua dor
Na diuturna campanha!
Nara, a jovem
Que não ralha,
O ajuda com as
Rotas tralhas
Ela e o marido Aran
Nunca lhe puseram
Cangalha.
Aran filho,
Nara a nora,
Sejam benditos,
Este velho  
Quer-vos abençoar
e se não for pedir muito:
‘Quero jazer 
Na sombra
Da Pedra Grande,
Do relho não desfazer
Pra tundar alma penada,
Das que nunca
Fizeram o bem, 
Só maltratar
Só malfadar
Todo mundo,
Sem nunca 
Amar ninguém!’




















E junto às tralhas,                                                                                                                     O fiel amigo cusco
Também velho,
Se enrodilha
Nas botas
Do velho Aurélio,
Que camperearam
Tanta coxilha.
O velho cusco
Quer a custo:
A ovelha,
O tordilho,

















A nora Nara,
E ao filho Aran,
Acompanhar
O rastilho...

Aurélio se atrapalha
A pegar água da talha,
E uma unção 
Nas Cabeças
Da nora Nara
E do filho Aran 
Pra benção
O velho espalha!
Pediu-lhes uma
Cruz de cedro,




















Feita por Ordec
O velho Inca Xiru
E seu filho Acní,
Descendentes
de velhos tribais
Vindos do Peru de
Artesãos ancestrais.
São amigos de
Oruam de quem
Não esquecem as obras
Nem o toponímico
De família de valor;
Sod-Sotnas;
De Grande Rio
Das Cobras
Morador.

























“Raios !”
Ralha Aurélio:
O raio é
Ser velho!
Rememorando
Seu açoriano pai. 
Apenas
Há penas:
Uma mais branda
Outra mais atroz
Dúvida e dor,
Nesta vida
A carregar 
Que remontam
Aos bisavós;
Nada mais terei
Além dessa
Cruz falquejada
E duas lágrimas
Pra derramar.

E em castelhano 
pra Ordec entender:
‘Donde están
Los otros sus
Hermanos? 
Muertos  los doce
y sus mujeres
No están...’











Antonte, de longe,
Vi todos c'os filhos 
P’ras bandas da Missão...
Entonces serão só cês dois
E meus dois benditos,
No meu velório? 
Bençoados
Sejam cês dois,
Que tiveram coração,
Ponto de pra duas dúzias
De veros viventes
Fazer vera repartição!
Mas tão todos perdoados,
Não são mesmo de parecença
os dedos da mesma mão.
Lembre meus
Dois filhos:
A Pedra pode ser 
Demais de grande
Mas sua  sombra
Que também é grande, 
Por cima de  minha cova
Não me assombra! 
Porque a pedra
Pode ser grande
Mas sua sombra
Que também é grande...
Não pesa nada!!






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