sexta-feira, 15 de janeiro de 2016




QUANDO AS JOVENS SE ORNAVAM DE FLORES

Nos momentos mais suaves dos marcados caminhos do espírito, no silêncio de paz que envolve meus longos momentos restritos, surge-me um vulto de brilho, 
com infinita graça esvoaçante, sutil e delicada, envolta em 
esfuziantes véus, pétalas de rosas e dálias de um jardim de amores 
que conheci e me foi tão amado há tempos infinitos... 
Séculos passados. 
Quando as jovens se ornavam de flores...

A beleza poética se acomoda nos recônditos da alma que se faz pura, convida todas as letras e instrumentos musicais para compor um coral de luzes, cores e sons. 
Aves que revoam, são de grande envergadura, se unem aos Anjos, 
que produzem num ruflar de asas um canto vesperal.

Seu brilho rutilante se junta aos demais nesta visão vermelho-púrpura. A paisagem se funde em nuvens panorâmicas - nesgas de rendas e lãs, muito brancas, ora aqui ou ali poucamente acinzentadas, ora laranjas, róseas ou lilases. Lá ao longe, bem ao fundo do longe, uma pincelada de púrpura se avoluma lentamente. Vêm planando ornadas de prata, ouro e ametistas.

O que dizem ser sonho, digo a mim mesmo: - É a Paz! 
Nada é utópico ou intangível quando um ser quer assim! 
Quando a alma se assenta em harmonia com o silêncio, no recato de seu canto, sua rede, aos pés seu cãozinho amarelo vira-lata, de nome Tambor. 
Há brisa, há plantas e flores no pátio do quintal. Há realidade me cercando... mas meu sonho me pertence, eu o faço porque o quero, porque é bom sonhar - porque a vida é boa é bonita, e me pertence. E vou despetalando os dias como se desprende as pétalas da flor do malmequer.

Se o domínio da introspectiva vontade é de meu zelo, minha é esta alma, 
que a quero sempre comigo, e estes meus sonhos de doce acalanto; estes meus sonhos encantados, força da inspirada visão que me embala e me acalma.
  
É maravilhoso ser senhor deste Bem que sempre quero como um manto, esta preciosa emoção de Amor a me embalar mansamente - que espero tanto. 
A recorrente visão etérea da razão: sonho e esperança que calam meu pranto.




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