sábado, 5 de março de 2016

PARA QUE SERVE UM VEREADOR?

            Estamos num ano eleitoral e os pré-candidatos já estão se mexendo e se articulando com vistas ao pleito. Teremos vários candidatos a prefeito, acredito que em torno de seis e centenas de candidatos a vereador para compor a Câmara Municipal que tem 11 ocupantes. Diante desta realidade, eu estive pensando e analisando o contexto de uma eleição e o trabalho dos eleitos a partir de 1º de janeiro de 2017.
            Sempre gostei de escrever sobre este assunto e conversar com pessoas ligadas à política partidária e colhi algumas “confissões” que julgo preciosas, pois mostram a realidade que vivemos e o engano no qual estamos - o dinheiro que gastamos com políticos e afins. A pergunta que soa e não quer se calar é: para que serve um vereador? O trabalho do vereador basicamente é legislar, fiscalizar o executivo e atender as reivindicações do povo. Isto na teoria, mas o que será que eles fazem na prática para justificar o alto salário que ganham? Sempre questionei isto, mas nunca obtive uma resposta satisfatória.
            Fui por diversas vezes a sessões da Câmara e cada vez que eu ia mais me decepcionava. Ouvia discursos vazios, algumas discussões entre situação e oposição e quando tinha gente na galeria a sessão era suspensa, até que um dia alguém mais veterano que eu me falou que isto acontece como uma estratégia para o povo ir embora. Fui embora e jurei a mim mesmo que nunca mais voltava lá, pois entendi isto como um desrespeito à população que paga o alto salário deles. De lá para cá só acompanho através dos jornais e não vejo nada interessante, além da nomeação de ruas, algumas votações de praxe e a concessão de títulos de “cidadão guaçuano” a alguns cidadãos de outras cidades que moram aqui.
            Pelos contatos que tenho já ouvi muitas histórias, algumas até engraçadas e sei como é a vida de um parlamentar, seu engajamento, promessas e a realidade que vem depois. É muito dinheiro e muito poder em jogo. Na verdade, não se sabe quanto ganha um vereador, pois existem muitas mordomias inerentes ao cargo. Somando tudo isto, chega-se a uma verdadeira mina de dinheiro, tudo tirado das costas do trabalhador assalariado. Além de tudo isto, o vereador ainda tem direito a dois assessores, leia-se: cabos eleitorais, que são muito bem pagos para “trabalhar” para o chefe. Isto causa revolta no cidadão consciente que é explorado diariamente e não tem nenhuma opção - e geralmente não recebe nada em troca. Não quero me estender muito, pois quando escrevo e penso sobre isto tenho que controlar a minha revolta.  Diante desta realidade exposta, sinto vergonha de ser brasileiro.

Cícero Alvernaz, 61, é aposentado e jornalista.
Mogi Guaçu, 24-02-2016.

            

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