PARA
QUE SERVE UM VEREADOR?
Estamos
num ano eleitoral e os pré-candidatos já estão se mexendo e se articulando com
vistas ao pleito. Teremos vários candidatos a prefeito, acredito que em torno
de seis e centenas de candidatos a vereador para compor a Câmara Municipal que
tem 11 ocupantes. Diante desta realidade, eu estive pensando e analisando o
contexto de uma eleição e o trabalho dos eleitos a partir de 1º de janeiro de
2017.
Sempre
gostei de escrever sobre este assunto e conversar com pessoas ligadas à
política partidária e colhi algumas “confissões” que julgo preciosas, pois
mostram a realidade que vivemos e o engano no qual estamos - o dinheiro que
gastamos com políticos e afins. A pergunta que soa e não quer se calar é: para
que serve um vereador? O trabalho do vereador basicamente é legislar,
fiscalizar o executivo e atender as reivindicações do povo. Isto na teoria, mas
o que será que eles fazem na prática para justificar o alto salário que ganham?
Sempre questionei isto, mas nunca obtive uma resposta satisfatória.
Fui
por diversas vezes a sessões da Câmara e cada vez que eu ia mais me
decepcionava. Ouvia discursos vazios, algumas discussões entre situação e
oposição e quando tinha gente na galeria a sessão era suspensa, até que um dia
alguém mais veterano que eu me falou que isto acontece como uma estratégia para
o povo ir embora. Fui embora e jurei a mim mesmo que nunca mais voltava lá,
pois entendi isto como um desrespeito à população que paga o alto salário
deles. De lá para cá só acompanho através dos jornais e não vejo nada
interessante, além da nomeação de ruas, algumas votações de praxe e a concessão
de títulos de “cidadão guaçuano” a alguns cidadãos de outras cidades que moram
aqui.
Pelos
contatos que tenho já ouvi muitas histórias, algumas até engraçadas e sei como
é a vida de um parlamentar, seu engajamento, promessas e a realidade que vem
depois. É muito dinheiro e muito poder em jogo. Na verdade, não se sabe quanto ganha
um vereador, pois existem muitas mordomias inerentes ao cargo. Somando tudo
isto, chega-se a uma verdadeira mina de dinheiro, tudo tirado das costas do
trabalhador assalariado. Além de tudo isto, o vereador ainda tem direito a dois
assessores, leia-se: cabos eleitorais, que são muito bem pagos para “trabalhar”
para o chefe. Isto causa revolta no cidadão consciente que é explorado
diariamente e não tem nenhuma opção - e geralmente não recebe nada em troca.
Não quero me estender muito, pois quando escrevo e penso sobre isto tenho que
controlar a minha revolta. Diante desta
realidade exposta, sinto vergonha de ser brasileiro.
Cícero Alvernaz, 61, é aposentado e jornalista.
Mogi Guaçu, 24-02-2016.
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