sexta-feira, 6 de novembro de 2015

NINGUÉM ME ENCONTROU


Ouvi o chamado
de alguém, não sei quem,
mas eu me escondi.
Tapei meus ouvidos,
calei minha voz,
segurei meus gemidos,
me silenciei.

Fiquei escondido
do mundo, de tudo,
calado e mudo,
ninguém me encontrou.

E muitos passaram
bem perto de mim,
pararam, sentaram,
e até comentaram,
mas não me encontraram.

O vento passou,
a lua chegou,
do céu me avistou,
sorriu e brilhou.

Os grilos cantaram
na noite de estrelas,
eu não pude vê-las,
mas pude senti-las.
Os homens se foram
com sua maldade
trincando os dentes
de raiva, de ódio.

Fiquei escondido,
do mundo, de tudo,
calado e mudo,
ninguém me encontrou.

Cícero Alvernaz (Membro da Academia Guaçuana de Letras)

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