segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

CHUVA ATEMPORAL


CHUVA ATEMPORAL

Gotejam lá fora gotas numa lata
Os trovões ribombam distantes...
No condutor o rumor de uma cascata
Menino, eu dormia feliz num instante.

Imaginando meu telhado protetor
Meu colchão simples, mas confortante,
Hoje - menino já velho - cheio de dor...

Os segundos a tiquetaquear,
Penso lá fora, no chão sem cobertor,
Doentes, velhos e crianças a chorar...

Já são altas horas, retiro a lata da goteira
Para não ouvir o som que era de saudade,
Parecendo dar à miséria uma eira ou beira;
Somos todos cegos esta é a pura verdade...

Ribombar de trovões distantes ora tristes são,
O telhado já não me protege das gotas frias
Que caem lá fora em meu exposto coração...
Tempus fugit, e todos ficamos nesta apatia.

Não podemos sair a esmo pela noite afora,
A noite é o logro de um poema feito a sós
Não, a selva se alimenta de sangue agora,
Há angustia no Tempo que cala nossa voz...

E breves quanto eternos serão os segundos
Soma dos infindáveis minutos e horas feridas.
Para dormir só o acalanto de outros mundos

Nos agregará o fluir da paz para nossas vidas! 

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