PROCISSÃO DO ADEUS
Hora da partida, do último apito do velho chefe de estação. O esfumaçado derradeiro vagão se dilui no bruxuleante mormaço que flui das pedras e do aço dos trilhos.
Lenços brancos abanando nas janelas dos vagões são engolidos pelo horizonte que desconhece os dramas, as tristezas e alegrias das vidas que leva embora, e das que ficam na plataforma...
Ficam muitas mulheres: jovens namoradas, noivas e mães não tão jovens, derramando lágrimas do gosto de um mar distante o qual nunca viram.
Vão-se embora como em “Procissão do Adeus”, carpem sentidamente por um sinônimo que se diz Partida.
Alguém não vai embora seguindo a "procissão". Já foi moço, um belo rapaz cheio de sonhos a dividir. Hoje está velho, muito velho e cansado; mas continua esperando por aquela de mãos tão brancas, longos dedos, chapéu de flores, riso leve e um tanto tristonho, que parece há milênios lhe abanou seu lencinho branco em despedida...
Único e primeiro amor de sua vida, que partiu e ele continua esperando sua volta...
Ela partiu, mas ele é alheio aos que lhe dizem por compaixão: que ela se foi para a mais longa das viagens !
Na despedida final, em seu último badalar, o grande relógio da estação deixará de ser a metáfora para se transmudar na poderosa metonímia, que não pode fugir aos desígnios do Grande Relojoeiro, que o vai calar ... Uma hora, um dia... De uma vez!...
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