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COLETÂNEA SE ALGUM VALOR ACHARES.
A MINHOCA NONOCA - A minhoquinha que queria virar borboleta
Mauro
Martins Santos - AGL
Há muito tempo, em uma terra distante, quando as coisas e os
animais falavam, tinham muitas árvores encantadas, castelos e animais também.
As árvores na sua
maioria eram muito velhas, grandes e faziam muita sombra. Tinham as árvores
crianças e jovens também, nascidas das sementes que caiam na terra. Na sombra,
muitas folhas se amontoavam e apodreciam. Havia grande umidade que era o
paraíso e o reino das minhocas.
Bem junto a uma árvore
enorme e bastante idosa, morava uma minhoca muito fofinha. Era uma princesinha
do Reino de Húmus, do Povo das Minhocas, que se chamava Nonoca.
Era, porém muito infeliz
a coitadinha, porque as minhocas donzelas do reino viviam rindo e dizendo que
Nonoca não era comprida como uma princesa minhoca deveria ser. Por isso ela
vivia chorando por não se achar comprida nem fina o suficiente para ser
considerada uma minhoca bonita. Ela era curtinha, rosada e fofa.
Sua mamãe, a rainha de
Húmus lhe perguntava: - Por que você chora Nonoca, minha princesinha?
- Porque sou curtinha e
gordinha, ao invés de ser como as outras, lindas, finas e compriiiiiidas...! E
assim mamãe, sem um atrativo especial o príncipe Minhoco não vai querer se
casar comigo!
Sua mãe a consolava
dizendo: - Você é muito jovem ainda e vai crescer bastante, e tem talentos que
as outras não têm. As pessoas são mais admiradas pela bondade do coração do que
pela beleza exterior. Você vai subir bem alto na vida, e um dia será a rainha
de Húmus, você verá. “Quem tem esperança, sempre alcança”!
Certo dia, ela estava
com a cabecinha para fora da terra, pensando muito quieta, quando o professor
Corujão ao avistá-la disse: - Sei que anda chorando princesa Nonoca! Por que
não sai para passear um pouquinho? Eu fico aqui no galho protegendo você de
qualquer pássaro mau. Assim se distrairá conversando com as cinco irmãs
borboletas.
- Irmãs borboletas
Professor !? - Perguntou admirada a minhoca Nonoca.
- Sim, você não as
conhece ainda? São umas gracinhas e muito bondosas, só pensam em ajudar os
outros animais. A branquinha se chama Nadinha, porque além de ser branca é
pequenina, quase que a gente não a vê; a vermelha se chama Brasinha, porque
parece uma brasa viva de verdade; a azul se chama Celeste, da cor do céu; a
amarelinha é chamada Mel, porque parece mesmo uma gota de mel contra o Sol; e,
por último a poética Rosinha, por ser tão cor-de-rosa quanto à flor.
- Aonde posso
encontrá-las? Pergunta Nonoca.
- Não se preocupe, elas
logo aparecem, são tão travessas que parecem estar em todo lugar ao mesmo
tempo! – Diz o professor Corujão.
Dito e feito! Foi só
Corujão terminar a última sílaba eis que surgem as cinco irmãzinhas tagarelas e
esvoaçantes.
- Tipi-ti, Tipi-ti, ti,
ti, pititi? – Pergunta Brasinha para Celeste, na linguagem das borboletas, -
que só falavam assim entre elas.
- Pi-titi, pi-titi!
Titi-tiii! - Disse por último Nadinha apontando para Nonoca.
Na verdade, nem Nonoca,
nem as borboletinhas, tinham se visto ainda, e Brasinha, perguntou para Celeste:
- Que bichinho engraçado era aquele? E Nadinha disse: Como esse bichinho é
bonitinho! Resolveram então conversar com Nonoca na linguagem universal dos
bichos e Celeste pergunta:
- Quem é você? O que
você é?
- Me chamo Nonoca, uma
princesa minhoca.
Então Brasinha, a mais
arteira falou: - Vamos convidá-la para brincar?
Celeste, a mais
ponderada das irmãs, lembrou à Brasinha: - Como ela irá brincar conosco se ela
não pode voar!? É certo que ela tem um corpinho parecido com o nosso, mas lhe
faltam as asas!!
- É mesmo! - Disseram as
outras borboletinhas em coro.
- E agora? – Disse Mel.
E a poética Rosinha concluiu: - Vamos ensiná-la a voar como uma borboleta...!
- Brasinha disse: -
Rosinha ficou biruta, vai ver seu cérebro virou flor! – Pi-pi-pi-pi-pi -, todas
riram no modo das borboletas.
- Rosinha, que nunca se
zangava, diz para suas quatro irmãs: - O que vocês não sabem, é um grande
segredo que só eu conheço de Nonoca. O professor Corujão me contou - um dia em
que eu voava sozinha -, que o maior sonho da princesinha das minhocas era um
dia ela poder voar.
- Imaginem isto meninas!
Disse Celeste. E prossegue: - Papai do Céu faz tudo certo mesmo, é pela vontade
tão grande dela voar que seu corpinho é igual ao nosso, e não tão comprido e
fino igual ao das outras minhocas! Só lhes faltam as asas...
Então, o Reino de Húmus,
ficava bem debaixo de Dona Flora, a grande e velha árvore encantada da
floresta. Ela já existia a mais de 700 anos, por isso é que cochilava tanto.
Um dia, as borboletinhas
tiveram uma ideia. Iam pedir para a velha árvore, dar uma chacoalhada em seus
galhos e derrubar umas folhas. Suas folhas eram muito bonitas, rajadas de
amarelo, vermelho, verde e cor laranja, pareciam asas de borboleta mesmo! E o
melhor da história é que suas folhas eram encantadas também, pois elas
pertenciam a Dona Flora, a Árvore Encantada da Floresta!
Suas folhas faziam o que
ela pedia. Que ficassem ali no chão para aumentar o Reino de Húmus junto à suas
raízes, ou que voassem com os ventos indo bem distante, para ajudar outros
reinos animais. Por isso elas voavam como asas de borboleta...
Assim resolvido lá foram
elas, e a responsável para falar com Dona Flora era Celeste. Mas, que decepção
para as borboletinhas! Dona Flora estava em um sono profundo. Ela chama: - Dona
Floraa, ô Dona Floraa, acorde, quero falar com a senhora! E nada! Todas gritam
juntas: - Dona Floraaa!! Por favor, acorde, precisamos da senhora! E nada da
velha árvore acordar.
Que faremos agora? -
Pergunta a sapeca Brasinha.
- Vamos pensar todas
juntas para acharmos uma solução - diz Celeste.
Foi a borboletinha Mel,
que sugeriu uma solução. Ela diz: - Escutem meninas, eu sou a predileta do
Senhor Vento Ventania - que vocês sabem é muito ranzinza, mas ele gosta muito
de mim! Que tal se formos até a caverna onde ele mora, e dai eu sendo a
predileta, entro e vou falar com ele?
E suas irmãs: - Falar de
que assunto Mel !?
- Aí é que está o plano
garotas, já que Dona Flora não acorda de jeito nenhum, vou pedir para meu amigo
o Senhor Vento Ventania que é forte e valentão, para ele dar um assoprão em
Dona Flora para acordá-la ...! Que tal a ideia Celeste?
- Acho muito boa, mas eu
temo por você Mel, já pensou se o Senhor Vento acorda assustado e lhe assopra?
Você vai parar na Lua! E dai nunca mais vai existir a Melzinha querida...
Credo! Nem pensar...
- Mas não vai acontecer
nada, ele é bonzinho comigo, ele foi muito com minha carinha amarela, depois
todas vocês vão estar juntas comigo, pelo lado de fora. Vamos galera, vamos
nessa...!!
Mel as convenceu e lá
foram todas para a toca do Vento, que era balofo, grandalhão e ranzinza, mas só
quando ficava bravo. Com a Mel então, ele se derretia. Ele dizia que, se fosse
um “borboleto” ele queria ser o vovô da borboletinha Mel. Ela contou isso para
as irmãs que se acalmaram.
Chegaram à casa do
Senhor Vento, uma caverna muito funda e escura, enorme, para ele poder caber lá
dentro. Na entrada da caverna todas pousaram em uma pedra, só a Mel continuou
voando para dentro da caverna e chamando assim: - Senhor Ventaniaaa! Eu posso
entrar?
- QUEM ESTÁ AI !?
Pergunta falando grosso e bravo o Vento...
O senhor não ouviu que
eu o chamei de Senhor Ventania, quem mais o chama assim pelo sobrenome? Disse
Mel.
- Oh, Oh, Oh! - Ri o
Vento grandalhão, igual o riso do papai Noel. - Que cabeça de vento a minha,
mas claro, só podia ser a minha amiguinha Mel!
Feliz com a visita da
amiguinha, o Vento pergunta a ela, o que ela precisava. Mel então lhe conta que
precisava acordar dona Flora, e o resto do caso ela contava pelo caminho.
O Vento então diz que só
ia ajudar porque era um pedido da borboletinha Mel, e que ela podia contar com
ele também para quem fosse amigo dela. Isso a encheu de orgulho, por ter um
amigo tão bom e muito forte. Assim quando ela precisasse se defender de alguma
coisa ela pediria para seu amigão.
Na saída da caverna
estavam pousadas suas irmãs, e o vento as olhou bem e perguntou quem eram elas.
Elas ficaram com medo do Vento ficar bravo. Mel disse que eram suas irmãzinhas
e o vento muito feliz disse assim: - Então quero ser o vovô de cinco lindas
borboletinhas e todos riram: Oh, Oh, Oh, - Pi, Pi, Pi, Pi !! E seguiram
adiante.
Chegando ao bosque, Dona
Flora continuava dormindo. Mel pede para o senhor Vento assoprar bem forte a
Velha Árvore Encantada, e Celeste então lhe explica que precisava acordá-la
para ela derrubar umas folhas no chão.
Então o Vento aspira
muito ar a ponto de ficar parecendo um balão gigante. De repente ele solta todo
o ar, em um grande assoprão em direção de Dona Flora. A Velha Árvore Encantada
leva um grande susto, e acorda esfregando os galhos nos olhos dizendo:
- O que é isso? O que
está acontecendo? O mundo está acabando??
-Pi,Pi,Pi,Pi – começam a
rir as borboletas, e o Senhor Vento também, que cumprimenta a vela amiga: -
Como vai Flora querida? Estamos velhos mesmo, só queremos dormir, agora a pouco
Mel também me acordou e sabe por quê? Para acordar você... Oh, Oh, Oh, Oh!
- O que vocês querem
crianças, diz Dona Flora pra as borboletinhas, sob os olhares do Professor
Corujão empoleirado em um tronco.
- Desculpe-nos Dona
Flora, termos pedido para o Senhor vento acordá-la, mas é que nós não
conseguíamos; a senhora dormia pesado e precisamos que derrube umas folhas
encantadas no chão. Só a Senhora pode fazê-lo. O Professor Corujão contará para
a senhora a boa ação que vamos fazer com suas folhas.
Ali mesmo todos se
agradeceram e o Senhor Vento despede-se de Mel e suas irmãs, dizendo que quando
precisassem não precisavam temer era só procurá-lo.
Dona Flora dá um
chacoalhão em seus galhos derrubando um monte de folhas de todos os tamanhos.
As borboletas e o Professor Corujão, entre muitas, escolhem duas que acharam
mais adequadas. E Celeste vai chamar Nonoca em sua casinha no chão. Chama no
buraquinho: - Nonocaaa!! –
Logo ela vem para fora.
Colocam duas folhas uma ao lado da outra e pedem para Nonoca ficar entre elas.
Nonoca emocionada obedece as amigas e entra no meio das duas folhas. Nisso,
Celeste pede para Nonoca soltar aquela colinha que as minhocas têm no corpinho
e imediatamente as folhas que eram encantadas se colam na minhoquinha, formando
um par de asas lindas, rajadas iguais às das borboletas de verdade. Agora era
só fazer o teste do voo. Nonoca chorava e ria de emoção. Dizia: - Não acredito
que vocês fizeram isso para mim! Vocês não são borboletas, são fadas. Obrigado
Dona Flora, bela e bondosa Árvore Encantada!
Todos: Dona Flora,
Professor Corujão e as cinco irmãs borboletas, piscaram para o Vento que
fingira ter ido embora, mas estava na mata. Disseram: - AGORA...! JÁ... Voe
Nonoca, voe... levante um voo bem alto!! Antes dela dizer: - “Não Consigo”; o
Senhor Vento assoprou bem rasteiro, devagar e forte... Nonoca começou a
levantar voo. O vento soprou mais forte e Nonoca foi mais alto, mais alto,
circulava no azul do espaço. E bradava feliz: - I U P I I I !!
Celeste gritava aqui do
solo: Bata as asas Nonocaaa!! Ela bateu. Quase começou a cair... O Senhor Vento
soprou, ela subiu. Treinou. Treinou. E conseguiu voar sozinha!
Então o Professor
Corujão falou a todos os amigos e ao povo do Reino de Húmus que saíram com a
Rainha para verem Nonoca voar:
- O sonho da Princesa
Nonoca só se realizou, porque ela nunca desistiu de seu sonho, embora parecesse
impossível. Ela venceu todos os obstáculos, é certo com a ajuda dos amigos,
porque ninguém na natureza faz nada sozinho, sejam homens ou animais. Acima de
tudo é preciso ter uma firme e forte vontade. A persistência, o sonho, e a
força de vontade, nunca desistindo até o fim, nos levará à vitória!
- UM VIVA PARA A
PRINCESA NONOCA... Todos: VIVAAA!!
Nonoca se casou com o
Príncipe Minhoco.
O Professor Corujão foi
o oficial celebrante, as irmãs borboletas convocaram todos os animais alados da
floresta para fazerem uma imensa e colorida revoada.
O Senhor Vento soprou
sementes aladas, como flocos e plumas sobre o Reino de Húmus.
Dona Flora derrubava em
rodopiantes voos milhares de folhas rajadas sobre a cerimônia.
Todos os amigos que lhe
ajudaram estavam presentes.
A Grande Orquestra
Sinfônica de Pássaros da Floresta, de todos os timbres de canto, entoou o hino
nupcial e animou o Baile e a Festa!
E ASSIM... TODOS DESTA
HISTÓRIA FORAM FELIZES PARA SEMPRE!